quinta-feira, 31 de julho de 2014

Pourquoi ont-ils tué Jaurés?

Faz hoje precisamente 100 anos que Jean Jaurès, um socialista francês, foi assassinado por se opor à entrada da França na guerra.
Jacques Brel lembra-o nesta magnifica canção de 1977 (um ano antes de morrer).




segunda-feira, 28 de julho de 2014

Vaatão, nome estranho


Vaatão” é o nome de um grupo de teatro na cidade de Castelo Branco. Nome estranho para um grupo de teatro. Tem história a escolha do nome. É uma homenagem a uma expressão muito popular na minha Beira Baixa. 

Quando dois beirões se encontram têm uma forma peculiar de se despedirem.

- Aatãová, diz um.

- Vaatão, responde outro.

E lá vão cada um à sua vida.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A guerra, aquele monstro


«É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta. É a guerra aquela tempestade terrestre, que leva os campos, as casas, as vilas, os castelos, as cidades, e talvez em um momento sorve os reinos e monarquias inteiras. É a guerra aquela calamidade composta de todas as calamidades, em que não há mal algum que, ou se não padeça, ou se não tema, nem bem que seja próprio e seguro. O pai não tem seguro o filho, o rico não tem segura a fazenda, o pobre não tem seguro o seu suor, o nobre não tem segura a honra, o eclesiástico não tem segura a imunidade, o religioso não tem segura a sua cela; e até Deus nos templos e nos sacrários não está seguro». 
Padre António Vieira.

Hoje, passados quatrocentos anos, estas palavras servem de alguma coisa?

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Palavras-Cruzadas com História (David Mourão-Ferreira)



"Um Amor Feliz" é o título do romance do escritor e poeta português David Mourão-Ferreira, que foi pedido no passatempo do dia 1 de Julho.

A ilustração que escolhi não foi feita ao acaso. As mulheres que vemos na cabeça do poeta, nesta obra do escultor Francisco Simões, que se pode ver no Parque dos Poetas de Oeiras, são justamente as três personagens femininas principais do romance. Os nomes das ninfas são X (Xô), Y e Z (Zu). Mulheres com nomes estranhos (letras do alfabeto) que o autor explica logo ao início, "além de não querer nem poder dizer o seu nome, o nome é o que menos interessa; ou o que menos deveria interessar-nos". Um romance que se aconselha, assim como a obra deste grande poeta.

Esta é a solução completa do problema:


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Recebi respostas de: Aleme, Anjerod, António Amaro, Arnaldo Sarmento, Baby, Bábita Marçal, Carlos Costeira, Elvira Silva, Filomena Alves, Jani, João Alberto Bentes, José Bernardo, Mafirevi, Magno, Manuel Amaro, Mister Miguel, Olidino, Osair Kiesling, Paulo Freixinho, Pedro Varandas, Russo, Salete Saraiva e Vergílio Atalaya.

Agradeço, com afecto, a todos os que participaram. Até breve!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Lisboa, nos passos de Almada Negreiros


A reunião dos peregrinos foi no Miradouro de São Pedro de Alcântara, pelas 10 horas. Dia 10 de Julho do ano de 2014. Hoje, o roteiro segue os passos de Almada Negreiros na cidade de Lisboa. A Susana, da Divisão Cultural da CML, vai guiar-nos nesta peregrinação.

Com o Castelo de São Jorge ao longe, na colina em frente, Susana faz a apresentação de Almada Negreiros, artista multifacetado, que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas (desenho, pintura, etc...) e à escrita (romance, poesia, dramaturgia, etc.). A obra de Almada é vasta e reparte-se por áreas muito diversas. 


Feitas a apresentação, penetrámos no coração do Bairro Alto, em direcção ao Hospital de São Luís. Na parede do hospital, uma placa, lá colocada em 2005, a lembrar a última frase escrita pelo poeta Fernando Pessoa, antes de morrer neste Hospital: 

“I Know not what tomorrow will bring”
       (Não sei o que o amanhã trará)

Pessoa morreu neste Hospital no dia 30 de Novembro de 1935. Anos mais tarde, o seu amigo Almada Negreiros há-de morrer neste mesmo Hospital, no dia 15 de Junho de 1970, e no mesmo quarto. No mesmo quarto? Bem, afinal parece haver dúvidas, diz Susana. Se é assim, se não morreram no mesmo quarto, fica a lenda. 


Descemos agora a Rua do Norte em direcção ao Elevador da Bica, novo ponto de encontro. Na nossa frente, dois edifícios que hoje fazem parte do mesmo conjunto arquitectónico, mas foram, noutro tempo, dois palácios: do Calhariz e do Sobral. O Palácio do Sousa Calharizes passou, a partir de 1947, para a posse da CAIXA GERAL DOS DEPÓSITOS. Aqui, Almada Negreiros, em 1921, depois de regressar a Portugal após uma estada pouco feliz em Paris, fez a sua primeira intervenção, a conferência A Invenção do Dia Claro, que marcou uma alteração de atitude da sua parte. É deste tempo o seu poema:

MÃE

Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!

Mãe passa a tua mão pela cabeça!Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,

tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa, como a mesa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!


Almada Negreiros, in "A Invenção do Dia Claro"



O Largo do Calhariz fica para trás, vamos agora até ao Chiado, à frente da Brasileira do Chiado. Por iniciativa do jornalista Norberto de Araújo, do Diário de Lisboa, e do arquitecto José Pacheko, director da revista Contemporânea, a decoração da Brasileira do Chiado, em 1924-1925, foi entregue a artistas modernistas. Almada Negreiros executou o primeiro e o terceiro dos painéis decorativos, do lado ocidental do café: duas Banhistas e este Auto-Retrato Num Grupo, sentado em volta de uma das mesas do próprio café.


As quatro figuras representadas neste quadro estão identificadas (da esquerda para a direita): Almada Negreiros, a bailarina e actriz espanhola Júlia de Aguilar, a actriz Aurora Gil, e o Prof. Dória Nazaré. Embora mal recebidos pela maior parte da crítica e dos frequentadores da Brasileira, os novos quadros transformam o café na única «galeria» modernista então existente na capital portuguesa. Hoje, os quadros de Almada podem ser vistos no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.


Estamos agora em frente ao Teatro Municipal de São Luis.Teatro inaugurado em 1894, então com o nome Teatro Dona Amélia. Mais tarde, com a República, passou a chamar-se Teatro da República. Em 1971, a sala acabou por ser comprada pela Câmara Municipal de Lisboa, passando a ter o nome de Teatro Municipal de São Luis.
Foi aqui, no ainda Teatro da República, que Almada, em 1917, realizou a conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX. Foi neste palco, no palco do Teatro da República, que Almada se fotografou nu em poses de herói grego para representar o seu Ultimatum Futurista.


É tempo de ir adiante, até ao largo São Carlos. Parámos mesmo em frente à porta principal do Teatro Nacional São Carlos. O teatro ocupou um lugar central na obra de Almada. Mas, a importância do teatro não se restringiu aos textos, cenografias e figurinos que foi realizando ao longo dos anos. Pode-se dizer que o seu interesse despertou quando viu aqui, neste Teatro, as actuações dos Ballets Russes em Lisboa. Essas impressões estão presentes em desenhos de 1917. 
E é, a partir desse tempo, que Almada colabora em produções de algum amadorismo nas quais é argumentista, coreógrafo, figurinista, director de bailado e, por vezes, bailarino.


Perto, está o Grémio Literário, na Rua Ivens. Vamos até lá. Não entrámos. Ainda não foi desta que eu vi o célebre quadro dos Fundadores. Aqui, Almada apresentou, em 1912, os primeiros trabalhos. Desenhos e caricaturas. Em 1913, realizou-se aqui também uma 2ª Exposição. Pela primeira vez, Almada expõe individualmente. Pessoa fez então uma crítica na revista A Águia. Escreveu: “O Sr. Almada manifesta-se sem se manifestar”. Depois, conheceram-se e ficaram amigos para sempre.


Descemos pela Rua Nova do Almada (não, o nome da rua é uma homenagem a Rui Fernandes de Almada, antigo presidente Senado Municipal que, em 1665, mandou abrir a rua que hoje tem o seu nome) até à Rua Augusta, na Baixa. A meio, situava-se a Alfaiataria Cunha, para quem, em 1913, Almada fez as primeiras pinturas decorativas. Almada havia cancelado a sua matricula na Escola Internacional, na Rua da Emenda, e publicou os primeiros desenhos e caricaturas.


Vamos, agora, em direcção ao rio, até ao café Martinho da Arcada, no Terreiro do Paço. Lá dentro, está a célebre mesa do poeta Pessoa. Aí, ele conversava com os seus amigos, muitas vezes com o seu amigo Almada. Três dias antes da morte de Pessoa, no dia 27 de Novembro de 1935, os dois encontraram-se neste café, na companhia de João Gaspar Simões. Pessoa está agitado e pigarreia muito, contou mais tarde Gaspar Simões. É a despedida. Os amigos vêem, pela última vez, o poeta da Mensagem.


Em 1917, a escrita interventiva de Almada teve um primeiro ponto alto. Almada reage ao acolhimento negativo à publicação do segundo número da revista Orpheu, e utiliza o conhecido médico e escritor Júlio Dantas como símbolo das posições mais retrógradas. O pretexto imediato é a peça de teatro Soror Mariana Alcoforado deste autor.


Almada Negreiros responde com o seu Manifesto Anti-Dantas, onde escreve com veemência:
"BASTA PUM BASTA! UMA GERAÇÃO, QUE CONSENTE DEIXAR-SE REPRESENTAR POR UM DANTAS É UMA GERAÇÃO QUE NUNCA O FOI! É UM COIO D'INDIGENTES, D'INDIGNOS E DE CEGOS! É UMA RÊSMA DE CHARLATÃES E DE VENDIDOS, E SÓ PODE PARIR ABAIXO DE ZERO! ABAIXO A GERAÇÃO! MORRA O DANTAS, MORRA! PIM!"
Ora, foi justamente neste café que o chamado Grupo do Orpheu assentou arraiais para ouvir Almada declamar o Manifesto Anti-Dantas, em público, pela primeira vez.

O nosso roteiro chegou ao fim. Há ainda muita obra de Almada para ver, que não coube neste itinerário que durou cerca de duas horas. Obrigado, mestre Almada. Adeus! 

sábado, 5 de julho de 2014

Dúvidas de Português


Há poucos dias, numa roda de amigos, alguém suscitou uma dúvida de português. Como é sabido, muitos verbos têm duas formas de particípios, uma regular e outra irregular. A forma irregular resulta normalmente da contracção da forma regular, mantendo, no entanto, o radical. É também sabido que as formas regulares empregam-se, em regra, junto dos auxiliares ter e haver, enquanto as irregulares com os verbos ser e estar.

A questão então suscitada tem a ver com a a palavra MORTO, quando apresentada como a forma irregular do particípio passado do verbo MATAR. A argumentação é a seguinte: 

O radical de matar é "mat" que dá "matado", nunca pode dar "morto", que vem de morrer cujo radical é "mor", que dá “morto” ou “morrido”.

Fui ver e encontrei esta explicação que, em parte, me conforta.

Inicialmente, “morto” é particípio passado do verbo “morrer”. Depois, com o evolucionar da Língua e por ANALOGIA com o verbo matar, passou também a particípio passado deste verbo. Estes fenómenos acontecem muitas vezes. E dá este exemplo, do verbo ir, do latim ire. O presente do indicativo deriva doutro verbo: do verbo latino vadere, caminhar, dirigir-se. Por isso, dizemos vou, vais, vai, de vado, vadis, vadit.

Consultei, depois, uma lista de particípios duplos, com as duas formas (regular e irregular), dela retirando exemplos de casos em que a forma irregular não respeita o radical:

Afeiçoar=Afeiçoado/Afecto
Enxugar=Enxugado/Enxuto
Absorver=Absorvido/Absorto
Acender=Acendido/Aceso
Agradecer=Agradecido/Grato
Corromper=Corrompido/Corrupto
Exprimir=Exprimido/Expresso
Erigir=Ergido/Erecto

Parece, pois, que se pode concluir que a Norma já adoptou muitas palavras que se formaram fora da regra. Aliás, na evolução da Língua há uma tensão permanente entre a NORMA e o USO. A Norma diz que é assim e o Uso diz outra poisa. E acontece, muitas vezes, que, com o tempo, a Norma acaba por adoptar o Uso. Mas enquanto isso não acontece o que se diz por uso é erro.

“Rubrica” parece um bom exemplo do que digo. A palavra não leva acento gráfico, sendo que o acento tónico recai na penúltima sílaba bri. Esta é a norma, Todavia, há muita agente a escrever “rúbrica” e, ainda mais, a pronunciar assim (o uso) acentuando a antepenúltima sílaba

No caso do nosso MORTO de MATAR já deve ser norma consolidada há muito tempo. Assim como, penso eu, a regra sobre o uso da forma regular ou irregular com os verbos auxiliares ter e haver (regular) e ser e estar (irregular).

Pelo menos, foi já a regra que Camões seguiu no famoso verso “Que depois de ser morta foi rainha” ("Os Lusíadas, Canto III, 118).  Com o verbo ser usa-se a forma irregular! Lapidar!

terça-feira, 1 de julho de 2014

Palavras-cruzadas com História


David Mourão-Ferreira (1927 - 1996) foi um escritor e poeta português. É considerado um dos grandes poetas do Século XX. 

Na sua obra, são famosos alguns dos poemas que compôs para a voz de Amália Rodrigues. Pessoalmente, destaco o poema “Abandono” que fala de um preso político na cadeia de Peniche.

Foi autor de alguns programas de televisão de que se destacam “Imagens da Poesia Europeia” para a RTP.

David Mourão-Ferreira tem uma vasta obra literária, que foi, por várias vezes, reconhecida com prémios literários.

Meus amigos, o desafio é resolver este problema de Palavras-Cruzadas e, no final, encontrar o título de uma obra de David Mourão-Ferreira (três palavras).


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HORIZONTAIS: 1 – Magnificência. 2 – Vão; Murcho. 3 – Ocupada com muito trabalho. 4 – Obra [abreviatura]; Furioso; Indivisível. 5 – Melhor aluno de uma turma [gíria académica]; Rouba. 6 – A minha pessoa; Virtude; Apresenta. 7 – Devoção; Elegante. 8 – Esforçado [figurado]; Venturoso. 9 - Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de ovo; Fechar bem; Acordo de Empresas [sigla]. 10 – Manifestar. 11 – Abalo; Árvore ornamental da família das Leguminosas, de origem asiática, cultivada em Portugal.

VERTICAIS: 1 – Tornou feio; Atrai. 2 – Juro. 3 – Liga; Fadiga [figurado]; Atmosfera. 4 – Desprezível; Plano. 5 – Levantar; Leviano. 6 – Títulos; Nesse tempo. 7 – Governantas; Rasto. 8 – Completos; Lúgubre. 9 – Porém; Pousio [regionalismo]; Rádio [símbolo químico]. 10 – Soberba. 11 – Censura; Acre.

Clique Aqui para imprimir.

Aceito respostas até dia 20 de Julho, no chat do FB ou no meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos decifradores. Divirtam-se!