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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Vagão J

Re(visitei), de rajada, o romance "Vagão J", de Vergílio Ferreira. O ano de publicação que consta é 1946, mas não sei se o livro chegou a estar à venda. Não passou na Censura.

E este é o despacho de 9 de Março de 1947, a proibir a sua publicação. Vem na primeira página de uma reprodução fac-similada, da iniciativa do jornal "Público", que, em boa hora, promoveu a sua publicação, a par de outras obras de outros autores, no ano passado.


A fundamentação do relator é incompreensível, pouco inteligente. Um texto acabrunhante!

Por comodidade, (re)li o romance por uma edição impressa pela Editora Arcádia, em Janeiro de 1974. O prefácio é do próprio autor, um longo prefácio, escrito em Lisboa, em 18 de Outubro de 1971.

O autor explica as razões porque não faz correcção alguma, «...obviamente essa obra é mais do público do que nossa, obviamente essa obra deve, pois dar-se como fixa.». Justifica ainda, «Não se renegam assim esses livros, como se não renega um filho que nos nasceu aleijado...».

Este romance foi escrito quando Vergílio Ferreira navegava ainda em águas do Neo-Realismo. Escreve ele ainda no dito prefácio, «...em que fiz a minha tarimba de escritor...E a escolher um livro
dessa fase para que ela de novo existisse, este seria sem dúvida o mais plausível ou o menos rejeitável.»

Vergílio Ferreira escreveu a seguir, em 1949, o romance "Mudança", que é considerada a obra que marca a sua transição para o Existencialismo.

Saiu e bateu a porta com força. Nunca lhe perdoaram! 

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