quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Outono

Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, in Diário X

terça-feira, 22 de setembro de 2015

O nome do cão

Começou há dois dias a campanha eleitoral para as eleições legislativas que se hão de realizar no dia 4 de Outubro. Muito frenesim, já estamos acostumados. E por vezes, no meio do ruído, uma pequenina luz, como diria Jorge de Sena. Um poema. Um candidato (seria do partido da protecção dos animais?), no meio duma grande gritaria, diz um poema:

O nome do cão

O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,

mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.

Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,

nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava

ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.

Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.

E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.

Então sonhava
o sonho sólido que existia.
E não compreendia.

Um dia chamámos pelo cão e ele não estava
onde sempre estivera:
na sua exclusiva vida.

Alguém o chamara por outro nome,
um absoluto nome,
de muito longe.

E o cão partira
ao encontro desse nome
como chegara: só.

E a mãe enterrou-o
sob a buganvília
dizendo: " É a vida..."

Manuel António Pina

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Palavras Cruzadas com história - Mariano Calado

"Nau dos Corvos" é o título do livro de Mariano Calado, historiador, professor, escritor e poeta português, pedido com a resolução do Passatempo do mês de Setembro.

A solução completa do problema é a seguinte:


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Recebi respostas de: Aleme; Anjerod; António Rodrigues; Antoques; Arjacasa; Baby; Caba; Corsário; El Nunes; Homotaganus; Horácio; Jani; João Alberto Bentes; João Carlos Rodrigues; João Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bernardo; Mafirevi; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Mister Miguel; Olidino; Osair Kiesling; Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Virgílio Atalaya.

Um agradecimento especial para o meu amigo Emanuel Magno, que sugeriu e produziu o passatempo deste mês. Obrigado a todos os que, por alguma forma, participaram. Até breve!

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Palavras Cruzadas com história - Mariano Calado

O passatempo do mês de Setembro é da autoria do meu amigo Emanuel Magno, o que é, para mim, um motivo de grande orgulho. Obrigado, amigo, por ter aceitado o meu convite. Tem a palavra...

«Nascido em Almeirim, a 10 de Junho de 1928, Mariano Calado vai com os pais viver para Peniche nos últimos meses de 1929. Aqui faz a Primária e o Liceu em Santarém, cursos algumas vezes interrompidos por motivos de saúde — doença óssea que o retém durante três anos num tabuleiro-cama, obrigando-o a fazer helioterapia, em Peniche. Em 1952, ingressa nos quadros do BNU em Lisboa, e, em 1959, participa no abortado «Golpe da Sé», o que irá levá-lo às cadeias do Aljube e de Caxias. No Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), licencia-se em Psicologia Social, em 1968, e em Psicologia Social e das Organizações, em 1986, e conclui o Mestrado em História Regional e Local, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, em 1999. Após a reforma da Banca em 1989, torna-se docente.

Apaixonado pela literatura e investigação histórica desde muito jovem, é, porventura, o maior divulgador da historiografia de Peniche. O seu nome faz parte da toponímia das avenidas da cidade. A sua primeira obra poética surge em 1955, a que se seguem outras cinco, a última publicada em 2008. No campo da investigação, publica seis títulos, onde se inclui «Peniche na História e na Lenda» (1962), de onde é extraída a história da origem da expressão «Amigo de Peniche» por vários autores. Na literatura ficcional, publica quatro obras infanto-juvenis, além de uma biografia (1987). A verve poética de Mariano Calado, homem de causas e combates, está patente, também, em diversas publicações e intervenções. 

Aqui fica a merecida homenagem a este grande amigo e charadista, com uma história de vida deveras impressionante.

O desafio deste mês é, pois, resolver este passatempo de Palavras-Cruzadas e, no final, descobrir o título de um dos seus livros de poesia (três palavras na horizontal).


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HORIZONTAIS: 1 - Tinja; Espécie de podoa usada no Douro [regionalismo]. 2 - Sulque; Parídeos. 3 - Seculares; Qualquer navio. 4 - Despovoar; Larga. 5 - Grito de alegria; Torpes; Símbolo de amerício. 6 - Contracção de + os; Criatura; Guarneço de asas. 7 - O resto [ant.]; Grande quantidade [pop.]; O [arc.]. 8 - Marca; Mendigo. 9 - Volta; Vicentes [pop.]. 10 - Os ratos; Planta aromática, lenhosa na base, pertencente à família das Labiadas… 11 - Mudez adquirida; Alguém. 

VERTICAIS: 1 - Primeiro dia de cada mês do antigo calendário romano; Símbolo de rádio. 2 - Rogar; Olivedo. 3 - Brumas; Pão-de-ló de formato pequeno [regionalismo]. 4 - Baixa; Enfiada. 5 - Semelhante; Resplendor; Graceja. 6 - Animação [fig.]; Notar; Rema em sentido contrário para retroceder. 7 - Ataque; Imaginar; Sove. 8 - Variedade de palmeiras [pl.]; Abreviatura de euro. 9 - Partidas; Peixe muito jovem. 10 - Marinheiros; Notícia. 11 - Essas; Carinhosas.»

Clique Aqui para imprimir.

Aceito respostas até dia 20 de Setembro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes.