quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Devaneios cruzadísticos - Manoel de Barros

" Menino do Mato" é o título do livro de poemas do poeta brasileiro Manoel de Barros, pedido com a resolução do passatempo do mês de Dezembro.

Para melhor o conhecer, o poeta deixou-nos este

Auto-Retrato


Ao nascer eu não estava acordado, de forma que
não vi a hora.
Isso faz tempo.
Foi na beira de um rio.
Depois eu já morri 14 vezes.
Só falta a última.
Escrevi 14 livros.
E deles estou livrado.
São todos repetições do primeiro.
(Posso fingir de outro, mas não posso fugir de mim).
Já plantei dezoito árvores, mas pode que só quatro.
Em pensamento e palavras namorei noventa moças,
mas pode que nove.
Produzi desobjectos, 35, mas pode que onze.
Cito os mais bolinados: um alicate cremoso, um
abridor de amanhecer, uma fivela de prender silêncios,
um prego que farfalha, um parafuso de veludo, etc. etc.
Tenho uma confissão: noventa por cento do que
escrevo é invenção; só dez por cento que é mentira.
Quero morrer no barranco de um rio: - sem moscas
na boca descampada.

Manoel de Barros (Ensaios fotográficos, 2000)


E esta é a solução completa do problema:


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Respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita; Baby; Caba; Corsário; Dupla Algravia (Anjerod e Mister Miguel); El-Nunes; Elvira Silva; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Alberto Bentes; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Lurdes Polido; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro, Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Olidino; Osair Kiesling; Paulo Freixinho, Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva e Virgílio Atalaya.

Até breve! 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Um postal de Massamá

Mãe, sei que estás bem aí no céu, cheia de doçura, de contas no regaço, olhando por nós;

Mãe, hoje que te estou redigindo este postal, lembro todas as cartas que me escreveste, sempre com bons conselhos, que eu, pecador, nem sempre segui;

Mãe, não esqueci nada que me ensinaste, guardo bem a tua voz no meu coração;

Mãe, às vezes apetece-me chorar mas não consigo (acho que a maior desgraça do homem é querer chorar e não ser capaz);

Mãe, falávamos pouco, mas sabíamos exactamente o que um queria dizer ao outro;

Mãe, hoje eu queria dizer-te tanta coisa e não sou capaz;

Mãe, quero apenas dizer-te que estou aqui, roído de saudades;

Mãe, quando eu morrer, prepara, como só tu sabes, aquele prato de arroz-doce com rendas tecidas a fio de canela;


Mãezinha, gosto muito de si.


Massamá, 8 de Dezembro de 2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Morreu Ferreira Gullar, o poeta do espanto


Morreu ontem, aos 86 anos de idade, o poeta Ferreira Gullar. É considerado, por muitos, um nome maior da literatura brasileira, poeta, escritor e ensaísta.

Foi distinguido com o Prémio Camões, em 2010.  

Ferreira Gullar foi um corajoso lutador contra a ditadura. É o autor do Poema Sujo, considerado uma obra-prima e um “ícone de resistência” à ditadura, escrito em Buenos Aires, quando entrou para o Partido Comunista Brasileiro no dia do golpe militar, em 1964.

É dele o poema TRADUZIR, que eu aprendi a gostar há muito:

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Devaneios cruzadísticos - Manoel de Barros

No dia 19 deste mês de Dezembro do ano de 2016, faz 100 anos que nasceu Manoel de Barrosem Cuiabá, Mato Grosso, considerado um dos maiores poetas do Brasil, um dos mais aclamado nos círculos literários do seu país.

Estamos, portanto, a celebrar o primeiro centenário do seu nascimento. Justifica-se inteiramente que lhe dediquemos o passatempo deste mês.

Manoel de Barros foi advogado, fazendeiro e poeta. Publicou o seu primeiro livro de poesias, “Poemas Concebidos Sem Pecados”, em 1937. Foi um poeta espontâneo que extraía os seus versos da realidade imediata que o cercava, sobretudo a natureza.

Autor de uma vasta obra, obteve  os maiores prémios literários do seu país, como o Prémio Nacional de Poesia (1966) e o Prémio da Academia Brasileira de Letras (2000), entre outros.

Convido os meus amigos a solucionar este passatempo de palavras-cruzadas e, a final, encontrar o nome de um livro (3 palavras todas na horizontal) deste poeta brasileiro, Manoel de Barros (1916 – 2014).


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HORIZONTAIS: 1 – Amparo; Salvação [coloquial]. 2 – Culpada; Ali; Instrumento com que se encurvam as calhas das linhas férreas. 3 – Capacidade; Moço. 4 – Tumor benigno do tecido muscular; Gulodices. 5 – Domesticas; Segurança Social [sigla]. 6 – Porcelana antiga de cor amarela e de origem chinesa. 7 De+o [contracção]; Ajudas. 8 – Fechada; Adormecimentos. 9 – Névoa; Charneca. 10 – Fúria; Prefixo que exprime a ideia de intensidade; Outra coisa [antiquado]. 11 – Cura; Grossa.

VERTICAIS: 1 – Ocorriam; Rapaz elegante e muito belo. 2 – Grave; Obra. 3 – Roubo; Prover de aba. 4 – Doutor teólogo, entre os Árabes e os Turcos; Antiga unidade monetária europeia, substituída pelo euro. 5 – Paga; Emparelha. 6 – Progrediam. 7 – Mimos; Brisa. 8 – Naturais; Encosta. 9 – Activo; Irrita. 10 – Estreitas; Folgas. 11 – Faz mossa em; Bucho do boi [regionalismo].


Clique  Aqui  para imprimir.

Aceito respostas até dia 20 de Dezembro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes.

Vemo-nos em breve?