sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Herberto Helder

"Os Passos em Volta" é o título de uma obra do poeta português Herberto Helder (1930-2015), pedido com a resolução do passatempo de palavras cruzadas, referente ao mês de Novembro de 2021.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Crispim; Donanfer II; Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes;  Fernando Semana; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

O AlegriaBreve está de luto. Deixou-nos a amiga e confreira Julieta. Que a sua alma descanse em paz, descanse na mão de Deus, na sua mão direita. À sua família, o AlegriaBreve apresenta sentidos pêsames.

A todos, obrigado.
Até ao próximo.





segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte!

Senhor, que és o céu e a terra, e que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo estás — (o teu templo) — eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faz com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.

[...]

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.

1912?

Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.

- 61.

Arquivo Pessoa │Casa Fernando Pessoa

domingo, 7 de novembro de 2021

Deixarei os jardins a brilhar

Deixarei os jardins a brilhar com seus olhos
detidos: hei-de partir quando as flores chegarem
à sua imagem. Este verão concentrado
em cada espelho. O próprio
movimento o entenebrece. Mas chamejam os lábios
dos animais. Deixarei as constelações panorâmicas destes dias
internos.

Vou morrer assim, arfando
entre o mar fotográfico
e côncavo
e as paredes com as pérolas afundadas. E a lua desencadeia nas grutas
o sangue que se agrava.

Está cheio de candeias, o verão de onde se parte,
ígneo nessa criança
contemplada. Eu abandono estes jardins
ferozes, o génio
que soprou nos estúdios cavados. É a cólera que me leva
aos precipícios de agosto, e a mansidão
traz-me às janelas. São únicas as colinas como o ar
palpitante fechado num espelho. É a estação dos planetas.
Cada dia é um abismo atómico.

E o leite faz-se tenro durante
os eclipses. Bate em mim cada pancada do pedreiro
que talha no calcário a rosa congenital.
A carne, asfixiam-na os astros profundos nos casulos.
O verão é de azulejo.
É em nós que se encurva o nervo do arco
contra a flecha. Deus ataca-me
na candura. Fica, fria,
esta rede de jardins diante dos incêndios. E uma criança
dá a volta à noite, acesa completamente
pelas mãos.


Herberto Helder
Cobra
Poesia Toda
Assírio & Alvim
1979

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Herberto Helder

Herberto Helder foi um poeta português, considerado por alguns o "maior poeta português da segunda metade do século XX", o que eu, lamento, não subscrevo. E todavia é reconhecidamente um dos mais importantes poetas da segunda metade do século XX.

Nasceu a 23 de Novembro de 1930 no Funchal, ilha da Madeira, no seio de uma família de origem judaica. Em 1946, com 16 anos, viajou para Lisboa para frequentar o 6º e o 7º ano do curso liceal. Em 1948, matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra e em 1949 mudou para a Faculdade de Letras onde frequentou, durante três anos, o curso de Filologia Românica, não tendo terminado o curso.

Três anos mais tarde regressou a Lisboa, começando por trabalhar durante algum tempo na Caixa Geral de Depósitos (não sabia que tive, como colega, tão ilustre figura!) e depois como angariador de publicidade, sendo que durante esse tempo viveu, por razões de ordem vária e pessoal, numa «casa de passe».

Em 1958, publicou o seu primeiro livro, "O Amor em Visita". Durante os anos que se seguiram viveu em França, Holanda e Bélgica, países nos quais exerceu profissões pobres e marginais, tais como: operário no arrefecimento de lingotes de ferro numa forja, criado numa cervejaria, cortador de legumes numa casa de sopas, empacotador de aparas de papéis e policopista. Em Antuérpia, viveu na clandestinidade e foi guia dos marinheiros no sub mundo da prostituição.

Teve uma vida muito agitada, trabalhou em mais países, sendo fastidioso a sua descrição pormenorizada. É considerado uma figura misantrópica, tendo, em torno de si, pairado sempre uma atmosfera algo misteriosa, uma vez que sempre recusou prémios e se negou a dar entrevistas. Em 1994, por exemplo, foi o vencedor do Prémio Pessoa, que recusou, tendo vivido os últimos anos no mais cioso do anonimato.

Faleceu a 23 de Março de 2015, em Cascais, aos 84 anos. Menos de dois meses após a sua morte, em Maio de 2015, foi publicado o último livro de originais do poeta, "Poemas canhotos", que tinha terminado pouco antes de morrer.

Assim, convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o título (4 palavras nas horizontais) de uma obra do poeta português Herberto Helder (1930 – 2015).

HORIZONTAIS: 1 – Descrédito; Caricias. 2 – Sobrecarrega; Derrube. 3 – Toldados; Unir. 4 – Aqueles; Alas; Sufixo nominal, de origem latina, que exprime a ideia de conjunto. 5 – Porcelana antiga de cor amarela e de origem chinesa; Estreitos. 6 – Resplendor [figurado]. 7 – Poli [figurado]; Seguro. 8 – Cerce; Torra [Cabo Verde]; Preposição que designa lugar. 9 – Acorda; Juventude [figurado]. 10 – Curva; Arrogante. 11 – Embarcação usada na pesca do atum; Ferida.

VERTICAIS: 1 – Giro; Interjeição indicativa de saudação [Brasil]. 2 – Desregra; Ponta da verga dos navios. 3 – Natureza; Esconde [figurado]. 4 – Terreno lavrado mas não semeado; Pau-ferro. 5 – Hoje [Guiné-Bissau]; Mana; Prefixo que exprime a ideia de movimento. 6 – Indolente [regionalismo]. 7 – Dura; Malícia [figurado]; Interjeição que exprime dúvida. 8 – Levante; Excelente [coloquial]. 9 – Patife [regionalismo]; Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de compra. 10 – Apreciado; Simples. 11 – Aquoso; Água potável [Angola].


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Aceito respostas até dia 25 de Novembro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?