quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Misericórdia



Acabei de ler "Misericódia" de Lídia Jorge, que muito apreciei e me tocou pela sua actualidade

Em abril de 2020, a mãe de Lídia Jorge, Maria dos Remédios, faleceu de Covid-19. Vivia na Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime. Antes, tinha-lhe deixado um pedido: que escrevesse um livro intitulado “Misericórdia”. A ideia, à partida, seria refletir sobre o fim da vida.

Bela escrita e muito humana personalidade! E estou contente com os merecidos prémios com que a têm galardoado.


domingo, 26 de novembro de 2023

Devaneios cruzadísticos │ Mário-Henrique Leiria

"Lisboa ao voo do pássaro" é o título (4 palavras) de uma obra do escritor português Mário-Henrique Leiria (1923-1980), pedido com a resolução do passatempo de Palavras-Cruzadas, referente ao mês de Novembro de 2023.

Deixo-vos este poema do nosso homenegeado, que o emérito recitador Mário Viegas declama (clique Aqui )

A Nêspera

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henrique Leiria, em “Novos Contos do Gin


Recebi respostas de: Alabi; Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Caba; Candy; El-Danny; Elvira Silva; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Ramos; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; Paulo Freixinho; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Seven; Socrispim; Somar; TRIO SUL-MINAS (Crispim, Loanco e O. K.), Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.

Até ao próximo "devaneio"!?

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

É-se feliz na Austrália?

Hoje, pela primeira vez, ouvi na rtp2 este poema, declamado por João Reis.

"É-se feliz na Austrália, desde que lá se não vá.". Não podia estar mais de acordo. À Pessoa!


OXFORD SHORES


Quero o bem, e quero o mal, e afinal não quero nada.

Estou mal deitado sobre a direita, e mal deitado sobre a esquerda

E mal deitado sobre a consciência de existir.

Estou universalmente mal, metafisicamente mal,

Mas o pior é que me dói a cabeça.

Isso é mais grave que a significação do universo.


Uma vez, ao pé de Oxford, num passeio campestre,

Vi erguer-se, de urna curva da estrada, na distância próxima

A torre-velha de uma igreja acima de casas da aldeia ou vila.

Ficou-me fotográfico esse incidente nulo

Como uma dobra transversal escangalhando o vinco das calças.

Agora vem a propósito...

Da estrada eu previa espiritualidade a essa torre de igreja

Que era a fé de todas as eras, e a eficaz caridade.

Da vila, quando lá cheguei, a torre da igreja era a torre da igreja,

E, ainda por cima, estava ali.


É-se feliz na Austrália, desde que lá se não vá.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Devaneios cruzadísticos │ Mário-Henrique Leiria

Evocamos mais um centenário do nascimento de um escritor da Língua Portuguesa. E, meus amigos, vai ser assim até ao final do ano de 2023. Como temos salientado, o ano de 1923 foi muito fértil no aparecimento de grandes talentos.

Neste mês, homenageamos Mário-Henrique Leiria, que foi um ilustre poeta, escritor, tradutor, pintor, crítico de arte e editor português. Nasceu em Lisboa a 2 de Janeiro de 1923.

Destacou-se no panorama artístico e literário português do século XX ao tomar parte das actividades do Grupo Surrealista Dissidente, ao lado de Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas e outros, tendo participado nas duas exposições colectivas de 1949 e 1950. 

Mário-Henrique Leiria teve desde cedo uma ligação conturbada com o Estado Novo: foi preso várias vezes ao longo da vida, tanto em Portugal como posteriormente no Brasil, para onde se autoexilou em 1961 e de onde regressou mais tarde, nos anos 70.

Morreu  no dia 9 de Janeiro de 1980, em Lisboa, em casa da mãe para onde tinha voltado, vítima de uma doença óssea degenerativa. Tinha 57 anos. 

Ficaram para a posteridade e para glória da literatura iconoclasta portuguesa Os Contos do Gin-Tonic (1973) e Os Novos Contos do Gin (1974). São considerados incontornáveis marcos da literatura surrealista.

Convido os meus amigos a solucionar este passatempo de Palavras-Cruzadas e encontrar, a final, o título (5 palavras nas horizontais) de uma obra do escritor português Mário-Henrique Leiria (1923-1980).



HORIZONTAIS: 1 – Curral de porcos; Variedade de alface [Botânica]. 2 – Vantagem; Honreis. 3 – Contracção de a + o; Criam. 4 – Espevitadas [figurado]; Abreviatura de folha. 5 – Saudar; Prefixo que exprime a ideia de separação; Aspiração [figurado]. 6 – Segue cegamente a opinião de outrem; Consentimento. 7 – Interjeição que exprime a ideia de enfado [Angola]; Porque [arcaico]; Longe. 8 – Então; Mentira [Brasil, coloquial]. 9 – Enche; Contracção de d + o. 10 – Espertalhão; Suavidade [figurado]. 11 – Casa; Pesado.

VERTICAIS: 1 – Mato; Esconda. 2 – Indigno; Boa sorte inesperada [coloquial]; Pessoa notável na sua especialidade [figurado]. 3 – Luto; Cara [popular]; Sigla de Cuidados de Saúde Primários. 4 – Rasto; Vigor [Angola]. 5 – Preposição que designa tempo; Abates. 6 – Imbecil; Retesa. 7 – Liga; Uno. 8 – Badalas; Pessoa chata [Brasil, coloquial]. 9 – Muito; Sentinela; Imoral. 10 – Interjeição que exprime espanto [Brasil]; Avidez; Bater. 11 – Agasalho [figurado]; Juízo [figurado].

Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF com o passatempo.


Aceito respostas até dia 25 de Novembro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?