sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Senhora Presidente ou Senhora Presidenta?

Senhora Presidente ou Senhora Presidenta? Boa questão. Pertinente como vulgo se diz.
Como é sabido, existe um permanente conflito entre a norma e o uso. A norma é a gramática, o uso é aquilo que a maioria das pessoas (provavelmente num número cada vez maior) diz no dia a dia. E o que acontece é que, ao fim de muitos anos, a norma adopta o uso. Sempre foi assim. Mas, enquanto tal não acontece, o uso viola a norma. Donde, quem não respeita a norma, comete um erro gramatical. Os Acordos Gramaticais e as Reformas da Língua, que sempre houve ao longo da nossa História, com mais de 800 anos, servem precisamente para isso.
No caso presente, o vocábulo presidenta já se encontra dicionarizado. Tenho aqui comigo o Dicionário da Língua Portuguesa 2010, da Porto Editora, e lá vem: «presidenta=mulher que preside». Tenho também aqui à mão o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o qual, do mesmo modo, nos apresenta: «presidenta=mulher que se elege para a presidência de um país; mulher que preside...». Surpresa! Reparo agora que o "velho" Dicionário do Morais, em minha casa há mais de 30 anos, já nos apresenta: «presidenta=mulher que preside; mulher de um presidente».
Por último, fui ver o que o Prof. Lindley Cintra diz sobre esta matéria e nova surpresa. E o que diz ele?. Pois, a pág. 195 da sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, diz assim:
«os substantivos terminados em e são geralmente uniformes. Essa igualdade formal para os dois géneros é quase absoluta nos finalizados em nte de regra originários de particípios presentes e de adjectivos uniformes latinos. Há, porém, um pequeno número que, à semelhança da substituição do o (masculino) para a (feminino), troca o e por a (ex: elefante/elefanta; governante/governanta; infante/infanta; mestre/mestra; monje/monja; parente/parenta».
Depois, diz ainda em observações: «os femininos giganta (de gigante), hóspeda (de hóspede) e presidenta (de presidente), têm ainda curso restrito no idioma». Isto disse o ilustre linguista em 1984, já há cerca de 28 anos.
Em conclusão, propendo a aceitar, como boa, a forma presidenta.

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