Natal
Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor
Há neve que faz mal
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar
Chove no Natal presente
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.
Deixo sentir a quem a quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa
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Curioso o final este poema. Um tom irónico, nada habitual em Fernando Pessoa…
Pelos vistos o F Pessoa não se dava muito bem com o tempo que faz no Natal.Serão reflexos naturais poe ter vivido na Africa do Sul?
ResponderEliminarGosto do poema pela singularidade de fugir ao tema às vezes repetitivo sobre o momento.
Olá João. Obrigado pelo teu comentário. A conclusão do poema, como já disse, acho-a curiosa. Está cheia de humor (pouco habitual nele). Neste caso, uma sequela, talvez ainda, do humor britânico do tempo passado na África do Sul. Seja como for, é Pessoa ao frio, deslocado, sozinho, em sofrimento, como quase sempre esteve.
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