terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O humor fino de Luís de Camões


Há uma faceta do poeta Luís de Camões que, não digo ignorada, é pouco falada. Refiro-me ao seu sentido de humor e ironia, que é bem patente em pequenos poemas. O poeta épico tem, são bem conhecidos, alguns pequenos poemas em que se reflecte um tom muito divertido e bem-humorado. Conta-se que um fidalgo de Cascais, D. António de Castro, encomendou uns versos ao nosso poeta em troca de 6 galinhas. Entregue a encomenda, o fidalgo apenas mandou entregar ao poeta meia galinha. Camões não se conteve e respondeu com esta quadra: 

Cinco galinhas e meia 
Deve o senhor de Cascais; 
E a meia vinha cheia 
De apetite para as mais.

Uma galinha no séc. XVI deveria ser uma iguaria deveras apreciada, acreditando no ditado popular que chegou aos nossos dias: "Quando o pobre come galinha, um dos dois está doente". Só assim se compreende a resposta do poeta, carregada de tanta ironia. 

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