domingo, 11 de agosto de 2013

O Senhor a, e, i, o, u



João de Deus de Nogueira Ramos, o poeta João de Deus, nasceu em São Bartolomeu de Messines, no dia 8 de Março de 1830. Morreu em Lisboa em 11 de Janeiro de 1896. Foi um eminente poeta lírico, considerado, à época, o primeiro do seu tempo, e o proponente de um método de ensino da leitura, assente na Cartilha Maternal, por ele escrita, que teve grande aceitação popular.

Foi considerado o poeta do amor. Nunca foi rico. Não foi político, não obstante uma passagem fugaz pelo Parlamento. E, todavia, foi uma grande figura do Sec. XIX. Estudou Direito em Coimbra, para onde foi com 18 anos. Não gostava de estudar. Preferia a guitarra e os versos. “Ó minha mãe, quem é aquele/pregado na cruz…”. Ou “De que choras tu, anjinho”. Versos e canções muito simples, de grande enternecimento. Bacharel em 1969, ao fim de 10 anos, com uma nota fraca, curso que se tirava em 4 anos! Ficou em Coimbra, a andar por ali. Mais tarde, veio para Beja e escreveu no “Bejense”. Não era monárquico, não era republicano. Não obstante, muito contrariado, foi deputado. Não votem em mim, não votem em mim…implorou ele, mas votaram. Foi deputado, mas não abriu a boca. Passava o tempo em tertúlias com os amigos no Café Martinho da Arcada. O que o impressionou foi o analfabetismo da população portuguesa. 80% ao tempo da Revolução Liberal, 75% na Implantação da Republica.

Inventou então o célebre método de aprender a ler. As mães amam verdadeiramente os seus filhos. Ninguém melhor que elas podem ensinar os filhos as primeiras letras. Assim nasceu a Cartilha Maternal. A 1ª edição foi em 1876, com muito sucesso. E outras se seguiram. Todos os anos, novas edições. Um êxito fulgurante que mudou a sua vida. Casou com Guilhermina Battaglia, filha do organista na Sé de Lisboa. Tornou-se quase um objecto de culto. No final de vida, uma grandiosa manifestação do povo, alegadamente por iniciativa dos estudantes de Coimbra. Durante a homenagem o rei D. Carlos impôs-lhe a grã-cruz da Ordem de Santiago da Espada.

Sem comentários:

Enviar um comentário