segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sophia interroga-se: quando eu morrer

Sophia de Mello Breyner nasceu em 1919 e morreu em 2004. Viveu, portanto, 85 anos. Não me parece que o tema da morte esteja muito presente na sua obra. Lembro o poema, este muito conhecido, em que ela diz “Quando eu morrer voltarei para buscar/Os instantes que não vivi junto ao mar". Um poema pequeno, somente 6 versos, depurado e limpo. Não sei o ano da sua escrita, mas julgo tratar-se de um poema de final de carreira. 

Mas há um poema, do ano de 1947 (para mim, um ano curioso), em que Sophia, então com 28 anos, escreveu sobre a sua morte. O poema, tal como o que está acima referido, começa também pelo advérbio interrogativo QUANDO.

O poema é este.

sábado, 28 de setembro de 2013

Em Ramos Rosa, deus tem a cor do "planeta azul"

o deus azul

Há um deus que fertiliza a polpa azul da sombra
e extenso no silêncio está como o olvido no olvido.
Recolhe-se num movimento para o centro
onde permanece côncavo e completo.
Na sua enamorada eternidade
o corpo é asa, pedra e nuvem.
O mundo por vezes é um instante de amêndoa
em que ele transparece em carícias de regaço.
Movimento de plácida e redonda consciência,
não a imagem mas a visão nua do âmbito pleno,
em que estamos com ele em sequência natural.
A sua vida é o sono da luz e da sombra em aberta órbita
sempre no seu próprio círculo em sucessivas ondas
de sossegada incandescência.
Ele está no mundo, o mundo está nele
sempre como no princípio num fulgor cumprido
na radiosa concavidade azul. 

António Ramos Rosa, em Felicidade do ar (Caminho: Lisboa 1990, p. 25.)

Neste poema, o poeta parece não ter dúvidas quanto à presença de Deus no mundo: Ele está no mundo, o mundo está nele. E ainda: O mundo por vezes é um instante de amêndoa / em que ele transparece em carícias de regaço. Uma certa osmose entre Deus e o mundo: este deus (assim, com minúscula) tem a cor do “planeta azul”. É quase uma visão beatífica: não a imagem mas a visão nua do âmbito pleno / em que estamos com ele em sequência natural. Pois A sua vida é o sono da luz em aberta órbita.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Palavras Cruzadas com História

"Mistérios de Lisboa" é a solução do Passatempo que coloquei aqui há dias. A resolução destas Palavras Cruzadas era a seguinte:


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HORIZONTAIS: 1 – (…) Castelo Branco, escritor português (1825-1890); Estimar. 2 – Dividira com taipa. 3 – Preposição que designa lugar; São Miguel de (…), localidade onde morreu o escritor Camilo Castelo Branco; Nota musical. 4 – Grita; Passa; Descobria. 5 – Leste; Lírio. 6 – Supremo Tribunal Administrativo [sigla]; Preposição que designa ausência. 7 – Engane-se; Restos. 8 – Rezai; Retumbar. 9 – Ril; (…) Plácido, nome da mulher que foi a grande paixão da vida do escritor Camilo Castelo Branco; Altar cristão. 10 – Embaraço; Planta leguminosa; Avenida [abreviatura]. 11 – Vela de moinho; Descaramento [coloquial].

VERTICAIS: 1 – Natas; Atavia. 2 – Segredos. 3 – Meitnério [símbolo químico]; Uniram. 4 – Seguias; Graceja; Neste lugar. 5 - Ligues; Preposição que designa causa; Atmosfera. 6 – Misturas com ópio; Que durou ou durará um ano. 7 - Juntei; Aquelas; Mau cheiro. 8 – Unidade de medida de superfície; Aqueles; Ástato [símbolo químico]. 9 - Ruim; Eugénio (…), nome de um ensaísta e crítico literário português (1930 -   ). 10 - Desgraçaras. 11 – Desgastava; Endoidecia.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Morreu Ramos Rosa, o poeta que buscou a voz inicial


Morreu ontem em Lisboa aos 88 anos, o poeta António Ramos Rosa, um dos mais importantes da literatura portuguesa contemporânea, autor de vasta obra, desde “O Grito Claro” (1958), a sua célebre obra de estreia, até ao recente “Em Torno do Imponderável” (2012). 

Foi um exemplo de entrega total à escrita, sempre muito discreto. Nunca se afastou do seu caminho pessoal. 

Nasceu em Faro, no dia 17 de Outubro de 1924. Trabalhou algum tempo como empregado de escritório – experiência que terá inspirado o seu célebre Poema de Um Funcionário Cansado, incluído no seu livro de estreia – ao mesmo tempo que dava explicações de português, inglês e francês e traduzia autores estrangeiros.

Recebeu o Prémio Pessoa em 1988 e ainda quase todos os mais relevantes prémios literários portugueses, além  de vários prémios nacionais e internacionais, quer como poeta, quer como tradutor.

Poema dum Funcionário Cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.

António Ramos Rosa, in Grito Claro

domingo, 22 de setembro de 2013

O esplendor do Outono

O equinócio do Outono de 2013 ocorre este domingo, 22 de setembro, às 21h44. A estação prolonga-se até 21 de dezembro, às 17h11.

O equinócio é o instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. A palavra de origem latina significa "noite igual ao dia", pois nestas datas dia e noite têm igual duração.


O esplendor do Outono

«Exultai, filhos de Sião,
alegrai-vos no Senhor, vosso Deus,
porque Ele há-de mandar-vos
as chuvas do Outono no devido tempo
e fará cair sobre vós chuvas copiosas,
as chuvas do outono e da primavera,
como no princípio.
As eiras se encherão de trigo,
e os lagares transbordarão de vinho e azeite.» (Joel 2, 23-24)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Palavras Cruzadas com História

A leitura recente de um romance de Camilo Castelo Branco levou-me à construção deste problema de Palavras Cruzadas. 

Depois do problema resolvido, encontrarás o nome dessa obra (3 palavras) nele inscrito.


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HORIZONTAIS: 1 – (…) Castelo Branco, escritor português (1825-1890); Estimar. 2 – Dividira com taipa. 3 – Preposição que designa lugar; São Miguel de (…), localidade onde morreu o escritor Camilo Castelo Branco; Nota musical. 4 – Grita; Passa; Descobria. 5 – Leste; Lírio. 6 – Supremo Tribunal Administrativo [sigla]; Preposição que designa ausência. 7 – Engane-se; Restos. 8 – Rezai; Retumbar. 9 – Ril; (…) Plácido, nome da mulher que foi a grande paixão da vida do escritor Camilo Castelo Branco; Altar cristão. 10 – Embaraço; Planta leguminosa; Avenida [abreviatura]. 11 – Vela de moinho; Descaramento [coloquial].

VERTICAIS: 1 – Natas; Atavia. 2 – Segredos. 3 – Meitnério [símbolo químico]; Uniram. 4 – Seguias; Graceja; Neste lugar. 5 - Ligues; Preposição que designa causa; Atmosfera. 6 – Misturas com ópio; Que durou ou durará um ano. 7 - Juntei; Aquelas; Mau cheiro. 8 – Unidade de medida de superfície; Aqueles; Ástato [símbolo químico]. 9 - Ruim; Eugénio (…), nome de um ensaísta e crítico literário português (1930 ). 10 - Desgraçaras. 11 – Desgastava; Endoidecia.

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