Faz hoje anos que se deu uma batalha à qual devemos a independência de Portugal. Foi no dia 14 de Agosto de 1385. Aí se jogou o destino de Portugal. Graças à "pouca gente do fero Nuno", como diz Camões, "a sublime bandeira Castelhana/foi derribada aos pés da Lusitana".
Farpões, setas e vários tiros voam;
Debaxo dos pés duros dos ardentes
Cavalos treme a terra, os vales soam.
Espedaçam-se as lanças, e as frequentes
Quedas co as duras armas tudo atroam.
Recrecem os immigos sobre a pouca
Gente do fero Nuno, que os apouca.
Muitos também do vulgo vil, sem nome,
Vão, e também dos nobres, ao Profundo,
Onde o trifauce Cão perpétua fome
Tem das almas que passam deste mundo.
E, por que mais aqui se amanse e dome
A soberba do immigo furibundo,
A sublime bandeira Castelhana
Foi derribada aos pés da Lusitana.
Luís de Camões, in "Os Lusíadas", Canto IV, est.s 31 e 41
Esta foi a batalha em que a "arraia miúda", como lhe chamou Fernão Lopes, se manteve do lado do Mestre de Avis, contra os ricos, os poderosos, os traidores, os partidários de D. João, os partidários de Castela ( Rei D.João de Castela e Rainha D. Beatriz). É bom olhar para a História e reflectir. Nos momentos difíceis da nossa História, foi sempre o povo que encontrou o melhor caminho. Em Aljubarrota, foi ele que, contra tudo e contra todos, guiados pelo grande estratega militar, Nuno Álvares Pereira, defendeu a independência de Portugal. Foi Nuno Álvares Pereira que o guiou nesse caminho. "Ergue a luz da tua espada/Para a estrada se ver", há-de escrever, muitos anos mais tarde, outro grande poeta, Fernando Pessoa.
Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.
‘Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!
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