domingo, 15 de março de 2015

Os medos de António Gedeão


António Gedeão (Rómulo Vasco da Gama de Carvalho) nasceu em Lisboa, em 1906, na Rua Arco do Limoeiro, perto da Sé de Lisboa.

Rómulo de Carvalho derramou o seu enorme talento por várias áreas. Foi um ecléctico da ciência, como ficou demonstrado através das inúmeras e diversificadas actividades, Todavia, todas elas, incluindo a poesia, giraram à volta daquela foi a sua principal actividade: Professor do Ensino Secundário.

Primeiro no Liceu Camões, no ano de 1934. Depois, no Liceu Pedro Nunes, em 1948. Mais tarde, no Liceu D. João III, em Coimbra, em 1959. Finalmente, de volta ao Liceu Pedro Nunes, em 1967, onde se manteve até 1975, ano em que se reformou.

Não obstante todo o talento, Rómulo de Carvalho foi um homem com os seus medos. Já tinha 48 anos quando algo mudou na sua vida. No ano de 1954, o Ateneu Comercial do Porto lançou um concurso de poesia, que Miguel Torga ganhou. Rómulo de Carvalho ficou em 3º lugar. Instado a publicar os versos, escolheu finalmente o pseudónimo António Gedeão. Mas não queria que ninguém soubesse. Ninguém! Nem a própria mulher, que um dia recebeu uma encomenda postal com o formato de livro. E era mesmo o livro do marido!

Quem conta este episódio é a escritora Maria Cristina, filha do poeta, no livro "Rómulo de Carvalho/António-Príncipe Perfeito" (Edição 2012).

Há, porém, um outro episódio que vem relatado no livro e que mostra bem os tais medos do poeta.

Como eu te entendo, meu dilecto poeta! No Liceu Pedro Nunes, antes de se reformar, recebeu o convite para exercer o cargo de reitor do Liceu. Rómulo de Carvalho não aceitou. Como ele próprio disse: «poderia aceitar o convite  para ser empregado da limpeza do liceu, mas para reitor, não. Limparia muito bem o que tinha para limpar porque tudo dependeria de mim». Como eu te entendo!

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