Assinalam-se no próximo dia 12 os 150 anos do nascimento do escritor português Raul Brandão. Nasceu no dia 12 de Março de 1867 na Foz do Douro, Porto, veio a falecer a 5 de Dezembro de 1930, em Lisboa, cidade onde, aliás, viveu maior parte da sua vida.
Um grande escritor e, todavia esquecido ou, pelo menos, escondido. Uma boa ocasião para, este ano, o lembrar. Tem 23 anos quando entra no sec. XX. Adora sua mãe (que sonhava vê-lo garbosamente uniformizado), o que faz com que ele siga a carreira militar. Após uma breve passagem pelo Curso Superior de Letras, matriculou-se na Escola do Exército. Porém, não gostava nada de ser militar, ainda que promovido, sucessivamente, a alferes, tenente e capitão. Quando foi promovido a Major, pediu para sair. Achava aquilo uma farsa ridícula. Na tropa é “só fazer o servicinho”, escreveu ele. Já então, quando não estava no quartel, escrevia para o jornal “Correio da Manhã”.
Republicano confesso. Nefelibata. Escrevia com imensa graça. Profundamente religioso, mas anti-clerical! A sua comiseração pelos pobres domina toda a sua obra. Dá todo o seu coração, a sua vida aos pobres. Quando sai do exército, vai para uma quinta perto de Guimarães com a sua mulher, durante alguns anos. Ele ditava e ela, companheira fiel, escrevia.
Uma escrita em 3 áreas:
Uma, as Memórias (3 livros). Leitura fascinante, obra documental de relevo. Dá-nos uma ideia daqueles tempos, dum período especial da nossa História, da passagem da Monarquia à República. Republicano convicto, dá-nos, porém, uma visão distorcida do regicídio. Descreve, de forma sublime, o enforcamento infame do general Gomes Freire de Andrade. "Felizmente, há luar", nas palavras de outro escritor...
Outra, a História. “El Rei Junot” é um livro, nada histórico (acto de contrição?) em que critica a falta de carácter dos que governavam Portugal.
Outra, a mais notável, os Pobres. Livros como “Os Pobres”, e, ainda dentro desta temática, o mais conhecido, “Os Pescadores”. Faina do mar de toda a costa litoral (praticamente quase). Escreve ele, de forma emocionante sobre os pescadores de Sesimbra, a p. 148: […] Este homem é de instinto comunista. Se um adoece, os outros ganham-lhe o pão: recebe o seu quinhão inteiro. Se morre, sustentam-lhe a viúva e os filhos, entregando-lhe o ganho que ele tinha em vida. Dão ao hospital e ao asilo uma parte do pescado. Toda a gente tem direito a ir ao mar — toda a gente tem direito à vida. Vai quem aparece, desde que seja marítimo. Acontece que o barco leva hoje quarenta homens e leva vinte amanhã... O produto das artes é dividido em quinhões iguais pela companha. A pesca do anzol é uma espécie de cooperativa, e a barca quase sempre dos pescadores […].
Na sua obra há um apelo permanente e dramático: Os pobres. Em 1917, publicou aquela que é, na opinião de muitos, a sua mais bela obra - o romance "Húmus". Todavia, Raul Brandão é um escritor esquecido, lamentavelmente. Ele que influenciou, de forma evidente, a escrita de tantos outros escritores das gerações e das escolas literárias que à sua se seguiram.
Por isso, entendendo ser inteiramente justa esta pequena homenagem, convido os meus amigos a solucionar este passatempo de palavras-cruzadas e, no final, encontrar o título (5 palavras na horizontal) de um livro deste eminente português, que foi Raul Brandão (12/3/1867 – 5/12/1930).
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HORIZONTAIS: 1 – Dispara; Respeita. 2 – Crime; Bonança [figurado]. 3 – Prefixo, de origem grega, que exprime a ideia de sobre; Debilitei. 4 – Corcunda; Graúdo; O [arcaico]. 5 – Fim; Liga. 6 – Culpa. 7 – Empenho; Cheiro. 8 – Decifrei; Falda; Entrar na posse de (herança). 9 – Estimulo; Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de urina. 10 – Irrita; Trevas. 11 – Causara; Mulheres de mau génio [figurado].
VERTICAIS: 1 – Bebe de mais; Veloz. 2 – Torrão em forma de cunha empregado na construção de muralhas; Eficiente. 3 – Isento de culpa; Interjeição que exprime alegria. 4 – Graceja; Vazia; Sulcar. 5 – Uno; Mato. 6 – Avareza. 7 – Velho; Lista. 8 - Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de cão; Estima; Balido de ovelha. 9 – Altar cristão; Tempero. 10 – Mania; Interjeição que exprime raiva. 11 – Alberga por esmola; Presente de Natal.
Dicionário adoptado: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa-aao
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Aceito respostas até dia 20 de Março, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes.
Gostei muito da apresentação que fazes do autor homenageado este mês.
ResponderEliminarConfesso não conhecer quase nada da sua Obra, fiquei-me por Os Pescadores, que achei excelente, e agora com vontade de ler mais.
Obrigada
Fico muito contente por saber que apreciaste a escolha para este mês. Raul Brandão merece ser lembrado e ainda não vi (talvez por distração minha) a referência aos 150 anos sobre o seu nascimento.Eu é que agradeço.
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