segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Devaneios cruzadísticos │Cecília Meireles

"A Festa das Letras" é o título de uma obra da poetisa brasileira Cecília Meireles, pedido com a resolução do passatempo referente ao mês de Novembro de 2018.


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Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita; Baby; Caba; Corsário; Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Fernando Semana; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Bentes; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Lulopes; Mafirevi; Magno; Magriço; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Maria de Lurdes; My Lord; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Somar e Virgílio Atalaya.

Até ao próximo!

terça-feira, 20 de novembro de 2018

A solidão de Cecília

Do Frágil.

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.


Cecília Meireles

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Arte de escrever bem

Tenho em cima da mesa dois livros, ambos são autobiográficos. Escolhi dois trechos em que o autor descreve, cada um à sua maneira, a primeira noite passada longe da sua terra, longe da casa dos pais.

Sem dúvida que há formas bonitas de escrita que só os grandes artistas da Língua portuguesa são capazes. Só ao alcance de alguns. É escolher...

[…]  Não o frio acanhado da Europa, acanhado e pequeno, assobiando por vielas e escadas de pedra, húmido de pedras que choram saudades e tragédias. Chorava à noite. Silencioso para o colega de quarto não ouvir. […] 

[…] Impossível. O salão era excessivamente grande para mim, os cães ladravam para o agouro das trevas, eu estava só no mundo. De longe, da minha infância perdida, veio a ternura da memória, a face cansada de minha mãe, a luz suave de tudo para nunca mais. E uma saudade densa caiu-me, como um peso, na alma. E chorei longamente, um choro recolhido, só choro para mim. Chorei quanto pude, até que a noite foi minha irmã e eu fui irmão da noite, um diante do outro, calados e de mãos dadas. Enfim lembrei-me, por entre o pranto, de um pequeno saco de figos que minha mãe me dera á despedida. Procurei-o na saca da roupa, puxei-o para a cama. E o sabor deles, que me encheu a alma, trouxe-me a presença de um carinho morto, como se minha mãe ali me estivesse velando e houvesse ainda aldeia a minha volta...[…]

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Como se morre...

Como se Morre de Velhice

Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

E tristemente te procurava

Elegia

Minha primeira lágrima caiu dentro de teus olhos.
Tive medo de a enxugar: para não saberes que havia caído.
No dia seguinte, estavas imóvel, na tua forma definitiva,
Modelada pela noite, pelas estrelas, pelas minhas mãos.
Exalava-se de ti o mesmo frio do orvalho; a mesma claridade da lua.
Vi aquele dia levantar-se inutilmente para as tuas pálpebras,
E a voz dos pássaros e a das águas correr,
- sem que a recolhessem teus ouvidos inertes.
Onde ficou teu outro corpo? Na parede? Nos móveis? No tecto?
Inclinei-me sobre o teu rosto, absoluta, como um espelho,
E tristemente te procurava.
Mas também isso foi inútil, como tudo mais. (...)

Cecília Meireles, In Mar absoluto e Outros poemas

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Devaneios cruzadísticos │Cecília Meireles

Cecília Meireles foi uma poetisa, pintora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas da Língua portuguesa.

Nasceu no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, em 7 de Novembro de 1901, filha de açorianos, o pai funcionário de Banco, a mãe professora. Cecília Meireles foi filha órfã criada por sua avó açoriana, D. Jacinta, natural da Ilha de São Miguel. Escreveria mais tarde: "Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno".

Aos nove anos, começou a escrever poesia. Frequentou a Escola Normal no Rio de Janeiro e, entre os anos de 1913 e 1916, estudou línguas, literatura, música, folclore e teoria educacional.

Em 1919, aos dezoito anos de idade, Cecília Meireles publicou seu primeiro livro de poesias, "Espectros", um conjunto de sonetos sombolistas. Embora vivesse sob a influência do Modernismo, apresentava ainda, na sua obra, heranças do Simbolismo e técnicas do Classicismo, Romantismo, Realismo e Surrealismo, razão pela qual a sua poesia é considerada atemporal. 

Em 1922 casou com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas. Seu marido, que sofria de depressão aguda, suicidou-se em 1935. Voltou a casar-se, no ano de 1940, com o professor e engenheiro agrónomo Heitor Vinícius, falecido em 1972. 

Em visita a Lisboa, no ano de 1934, marcou um encontro, no café “A Brasileira", com Fernando Pessoa, velho amigo do seu primeiro marido. Esperou por ele durante duas horas e quando regressou ao hotel, tinha à sua espera um livro autografado pelo poeta. O presente acompanhava um bilhete com a explicação: Fernando Pessoa tinha lido seu horóscopo pela manhã e concluído que não era um bom dia para o encontro. Na página de rosto do livro, uma dedicatória: “A Cecília Meyreles, alto poeta, e a Correia Dias, artista, velho amigo e até cúmplice na invocação da Apolo e Atena, Fernando Pessoa, 10-XII-34”. Ela acusou o recebimento num cartão lacónico: “Cecília Meireles – cumprimenta e agradece”.

Cecília Meireles tem uma vasta obra literária, tendo sido distinguida com vários e distintos prémios. Faleceu no dia 8 de Novembro de 1964, na cidade do Rio de Janeiro, tendo o seu corpo sido velado no Ministério da Educação e Cultura.

O convite é, meus amigos, resolver este problema de palavras cruzadas e, no final, encontrar o título de uma obra (4 palavras nas horizontais) da autoria da poetisa e professora brasileira Cecília Meireles (1901 - 1964).


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HORIZONTAIS: 1 – Critica; Sossego. 2 – Cacho de uvas; Antiga moeda portuguesa de prata, da época de D. João I. 3 – Interjeição que exprime enfado [Angola]; Afago. 4 – Giro; Sulca; Mais [antiquado]. 5 – Idiota; convindo. 6 – Flauta de bambu [São Tomé e Príncipe]. 7De + as [contracção]; Oco. 8 – Sufixo nominal, de origem latina, que exprime a ideia de origem; Vazia; Calça. 9 – Perfume; Interjeição que exprime espanto. 10 – Pousio [regionalismo]; Literatura. 11 – Curas; Criança [Moçambique]. 

VERTICAIS: 1 – Mentira [coloquial]; Sujeitas. 2 – Dinheiro [popular]; Legitima. 3 – Respeito; Riso. 4 – Símbolo de curie; Contudo; Tira. 5 – Estima; Vértice. 6 – Acha. 7 – Equipa; Conserva. 8 – Risco imprevisível; Sufixo nominal, de origem latina, de sentido aumentativo; Pronome pessoal, segunda pessoa do singular, indica a pessoa a quem se fala. 9 – Adivinhas; Abertura feita nos pavimentos dos navios por onde passa o mastro que assenta na carlinga. 10 – Cansado; Impulso. 11 – Mudo; Incólume.

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Aceito respostas até dia 25 de Novembro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes.