domingo, 20 de janeiro de 2019

O Quarto do Filho


Hoje, à tarde, na RtpMemória, tive a oportunidade de rever “O Quarto do Filho”, um filme de Nanni Moretti. Impressionante. Retrato implacável. O dia fatídico. O acidente. A dor. A revolta. A culpa. A desorganização da família. A discussão entre o casal. A mulher que acha que o marido não quer falar do assunto.  O nervosismo que se instala em cada um (a cena da filha que, por nada, discute com o árbitro num jogo de basquetebol). A não aceitação de ajuda de terceiros, mesmo a do padre na missa do sétimo dia. “Mas que frase aquela, sem sentido!” - diz ele. “Não sabemos a que horas vem o ladrão, se soubéssemos, trancávamos todas as portas” - dissera o padre, citando o Evangelho. E no entanto o pai não aceita de modo nenhum. É uma revolta muito grande. Por fim, uma carta redentora. Todos agarram aquela oportunidade com força. Para tanto, a família viaja de carro, toda da noite, para ajudar a ex-namorada do filho. No carro todos dormem, à excepção do casal. Diz ele para a mulher: “Mantemo-nos acordados um ao outro”. 
E eu? E nós? Será que, um dia, chegará a tal carta redentora?

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