Foi no dia 21 de Outubro de 1520 que Fernão de Magalhães conseguiu atingir o seu ponto máximo da expedição. Faz hoje 500 anos, precisamente!
Um pequeno extrato da entrevista ao historiador José Manuel Garcia, autor do livro "Fernão de Magalhães - Herói, Traidor ou Mito: a história do primeiro homem a abraçar o mundo."
«Faz nesta quarta-feira 500 anos que Fernão Magalhães entrou no estreito que hoje tem o nome dele - a ligar o Atlântico ao Pacífico, através do atual Chile. Foi o ponto-chave da extraordinária viagem deste português ao serviço de Espanha?
Foi. Podemos dizer que foi o coroar da vitória da tão procurada ligação, ou passagem, entre o Atlântico e o Pacífico. Fernão de Magalhães comprometeu-se perante o imperador Carlos V - Carlos I de Espanha - a que, tal como os portugueses tinham encontrado no cabo da Boa Esperança uma ligação entre o Atlântico e o Índico, ele conseguiria encontrar, mais ou menos pela mesma latitude - por volta de 34/35 graus, que seria na zona do rio da Prata - uma passagem que desse ligação do Atlântico para o Pacífico. Não encontrou aí, mas muito mais a sul. A 52/53 graus, muito mais longe, e com muito sacrifício, mas Fernão de Magalhães estava mesmo decidido a ir até aos 75 graus - isto é preciso saber as latitudes para se compreender de facto que foi um feito fantástico. Ele com todas as condições adversas conseguiu, no dia 21 de outubro de 1520, atingir o seu ponto máximo da expedição. Porque há duas grandes fases na expedição de Fernão de Magalhães. A primeira é descobrir a passagem e, depois, a seguir, é aproveitar a sequência da passagem e descobrir o maior oceano da Terra, o Pacífico. Portanto, são duas grandes ações. Dois grandes descobrimentos que ele realiza e que lhe permitem coroar de êxito a sua viagem.
Mas antes de chegar ao Pacífico - que batiza assim - Magalhães tem de fazer cerca de 600 quilómetros no estreito. O professor esteve lá nesse estreito e esteve lá mais ou menos nesta altura, em outubro. É primavera austral mas, mesmo assim, é muito frio.
É, é muito difícil de suportar aquele clima, porque está por volta de zero graus - um bocadinho mais de zero graus - mas comparado com aquilo que eles já tinham sofrido na atual Argentina até não era nada mau. E, portanto, digamos que eles tinham estado à espera na Argentina de condições favoráveis para poderem enfrentar, e poderem navegar - porque enquanto eles estiveram à espera, digamos, do que chamavam o verão, não podiam movimentar-se na Argentina. Praticamente só no dia 18 de outubro é que eles saem da Argentina e conseguem, finalmente, no dia 21, chegar ao estreito hoje no Chile. Porque as condições eram muito más. Aquelas montanhas, do estreito de Magalhães, estão todas cobertas de neve. Portanto aquilo é tudo complicado, um vento muito forte, correntes muito fortes - embora o estreito de Magalhães seja razoavelmente largo, exceto na entrada que é mais estreita, mais ou menos a distância que vai de Belém à Trafaria, na foz do Tejo. Dá para passarem perfeitamente os navios. Portanto, são as condições atmosféricas e as correntes marítimas que, nesses 600 quilómetros, tornam difícil a navegação. E, sobretudo, porque tem muitas ilhas e tem muitos contornos difíceis, mas, mesmo assim, os navios, com a mestria de Fernão Magalhães e dos seus pilotos, conseguiram. (...)»
Fonte: JN, de 21 de Outubro de 2020
Sem comentários:
Enviar um comentário