No ano que a Universidade de Coimbra foi considerada Património da Humanidade pela UNESCO, a sua Biblioteca Joanina completa 500 anos da sua existência. Para assinalar esta data, o “Público” (o meu jornal de sempre) lançou uma colecção de 1ªs Edições, que reúne 16 das obras mais emblemáticas da cultura portuguesa, na sua versão fac-simile, isto é, uma reprodução exacta da edição original.
Na passada 3ª feira, saiu o volume 4 da colecção, "O Crime do Padre Amaro", de Eça de Queiroz (Queiroz com “Z” por cabal respeito da ortografia que o dono do nome usou).
Esta obra, ora publicada por fac-simile, é a 2ª versão do romance e deu à estampa em 1876. Inicialmente havia sido publicada em folhetins, em 1875, um ano antes, na “Revista Ocidental”.
Em 1880 saiu uma pela terceira versão, desmentindo, aliás, a indicação “Edição Definitiva” impressa no frontispício do livro.
"O Crime do Padre Amaro" é uma das obras mais conhecidas e mundialmente mais famosas de Eça de Queiroz, em parte pela polémica suscitada pelo enredo envolvendo sacerdotes da Igreja Católica.
Para além disso, "O Crime do Padre Amaro" valeu-lhe ainda acerbas críticas, dentre as quais a de plágio, relativamente a um romance de Zola, "La Faute de l’Abbé Mouret".
E ainda - convém aqui lembrar - a crítica contundente feita por Machado de Assis, em dois artigos publicados na revista “O Cruzeiro”, em 16 de Abril de 1878 e em 30 de Abril de 1878, respectivamente.
O romance centra-se na história dos amores de Amaro e de Amélia, um sacerdote sem vocação e uma jovem devota educada na veneração dos padres. Todos os ingredientes para acabar mal. E assim foi.
Resultando dos tais amores o nascimento de um filho, havia que encontrar uma solução para uma tão incómoda situação. Em desespero de causa, Amaro lançou a criança ao rio!
Para quem conhece "O Crime do Padre Amaro" que hoje lemos (ou seja, a tal edição reelaborada de 1880), que é o meu caso e da generalidade das pessoas, o infanticídio é absolutamente surpreendente, porque Eça o cancelou na versão final.
Uma completa surpresa!
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