Para a morte de um filho nem há nome... É
I
Sabes
Chegou hoje
Outra vez
O dia do teu nascimento
Quero dizer
Do teu nascimento
Para esta vida terrena
Aquela mesma que
Viveste
Plena
De preces
E pressas
E por isso
Hoje é
A primeira vez
Que não estás cá
Para te dizer
Parabéns filho
II
Sabes
Primeiro
Veio
A dor do desgosto
Sem qualquer aviso
E depois
Com ela ficou
O inominável
Anunciando-se
Para sempre
III
Sabes
O inominável dói
Dói mais do que a dor
E o inominável
Nem nada é
Porque até
O nada
Pelo menos
Nome tem
Mas nome
Não há
Para um pai
Que perde um filho
IV
Sabes
De um homem
A quem falte
A mulher diz-se que viúvo é
Como a um filho
Que fica
Sem pai
Órfão
lhe chamam
Mas sabes
Nome ou palavra
Não há
Nem verbo
Nem substantivo
Nem adjectivo
Nem advérbio
Nem proposição
Nem conjunção
Nome ou palavra
Não há
Para chamar
O pai
Que não mais
Pode chamar
O filho.
Paulo Teixeira Pinto (1/11/2009)
Lindo este poema mas muito triste!!!
ResponderEliminarConcordo, Zé. O poema é triste. Fala de dor. Fala da dor de um pai que perdeu um filho.
EliminarRepare. Quem perde o pai ou a mãe fica órfão. O viúvo ou a viúva perderam a mulher ou o marido.
Mas que nome se dá ao pai ou à mãe que perderam um filho? Não há. Por isso, o poeta diz-se inominado, aquele que não tem nome.
Obrigado pelo comentário
O nome de um Pai que perde um filho tem nome...é "Pai.."
ResponderEliminarNão vem no dicionário....mas será sempre Pai.
Sim, pai é sempre "pai"...
EliminarObrigado por comentar.