sábado, 25 de janeiro de 2014

Palavras Cruzadas com História-Ricardo Reis

LÍDIA” e “MARCENDA” são os nomes das personagens femininas a descobrir a final da resolução do passatempo de Palavras Cruzadas, do passado dia 17. São duas musas inspiradoras das odes de Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa. São as duas musas escolhidas por José Saramago para o seu romance “O Ano da Morte de Ricardo Reis”. Eis aqui a solução:


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Agradeço as respostas que recebi, por email e no Facebook, de: António Monteiro, António Rodrigues, Arnaldo Sarmento, Bernardino Silva, Elizabeth Sá, Emanuel Magno, Manuel Amaro, Mister Miguel, Nuno Rodrigues, Paulo Freixinho e Pedro Varandas. Respostas todas certíssimas! 

Obrigado a todos! Até ao próximo!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Carta de Herberto Helder a Eugénio de Andrade


Através de uma mão amiga, tive conhecimento da existência de uma carta inédita escrita por Herberto Hélder a Eugénio de Andrade em 2000. Ainda por cima, publicada no "meu" "Jornal do Fundão”, o jornal da minha terra. A carta é muito curiosa em dois aspectos: primeiro, é um elogio enorme à obra de Eugénio de Andrade; segundo, é uma saborosa análise pessoal à poesia do século XX, com nomes surpreendentes.

«Não há nenhum poeta português que possa ombrear consigo neste meio século», escreve Herberto Helder, acrescentando ainda «não existe em toda a sua obra um só verso que deva ser eliminado". É obra!

Esta admiração por Eugénio de Andrade, dito de uma forma tão assertiva, é realmente muito surpreendente, ainda por cima, vinda de quem vem. Vale a pena ler. Clique Aqui.

Duas pequenas notas: primeira, a carta que se conhece é manuscrita, pelo que o que aqui se apresenta é uma "tradução"; segunda, a ilustração mostrada acima é do escultor Francisco Simões.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ode Marítima, de Álvaro de Campos


Finalmente, tive oportunidade de ler, em ambiente de leitura apoiada, a Ode Marítima de Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa).O poeta chega ao cais, está solitário entre a multidão, quando vê “pequeno, negro e claro, um paquete vem entrando”. A partir deste visão, o poeta viaja no tempo e no espaço, recupera, ainda que fugazmente, a própria infância. É então que ele empreende uma exaltada viagem imaginária, mas para quem a vida (do poeta) é uma margem inalcançável, quiçá inexistente. 

Ponto importante a realçar é que o olhar, a imaginação, ou seja, a sensação é analogicamente um “volante” que vai direccionando a percepção dessa vida marítima. Álvaro de Campos emprega muitas vezes a palavra “volante”. É com ela, com a palavra volante, que o poeta marca o ritmo desta alucinante viagem. 

Primeiro, em crescendo: “Volante começa a girar, lentamente”; “Acelera-se ligeiramente o volante”; “Acelera-se cada vez mais o volante”; “A aceleração do volante sacode-me nitidamente”; Acentua-se o giro vivo do volante”; “Oscilação violenta do volante”. 
Depois, de forma decrescente: “Decresce sensivelmente a velocidade do volante”; “Abranda o seu giro dentro de mim o volante”. 
Por fim, “O volante dentro de mim pára”. 

Para o pessoano Robert Brechon, reputado pessoano, considera este longo poema "uma autêntica maravilha de organização, aliando aspectos caracteristicamente futuristas (excessos e provocações), com um tom melancólico, anunciador já da fase intimista". Segundo ele, os aspectos nucleares deste texto são os seguintes: 
- o tom febril, excessivo, sadomasoquista de algumas passagens - "Fazei o que quiserdes de mim, logo que seja nos mares, / (...) Que me rasgueis, mateis, firais! / (...) Arranquem-me a pele, preguem-na às quilhas. / E possa eu sentir a dor dos pregos e nunca deixar de sentir!";
- o delírio das coisas marítimas - "Toma-me pouco a pouco o delírio das coisas marítimas, / Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosfera";
- a exaltação das coisas navais - "E vós, ó coisas navais meus velhos brinquedos de sonho! / Componde fora de mim a minha vida interior!";
- o fascínio das viagens - "Insinua-se no meu sangue toda essa sedução fina / E eu cismo indeterminadamente as viagens.
- o tom intimista e desencantado - "E o giro lento do guindaste que, como um compasso que gira, / Traça um semicírculo de não sei que emoção / No silêncio comovido da minh'alma..."
- a evocação da infância - "Ó meu passado de infância, boneco que me partiram!"; 

Já o filosofo José Gil, outro pessoano, escreveu recentemente um posfácio para uma edição única da Ode Marítima, onde acentua, sobretudo, a questão da distância. Com efeito, segundo ele, «todo o poema pode ser encarado nesta perspectiva: como vencer a Distância, ou seja, todas as distâncias de todas as naturezas que surgem, uma após outra (entre o paquete e o cais, entre eu-agora e eu-outrora, entre um cais e O Cais, etc.); mas também, e porque é esse o verdadeiro fundamento de toda a distância — como fazer desaparecer a oposição entre os dois pólos da sensação, o interior e o exterior».

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Palavras Cruzadas com História

O Ano da Morte de Ricardo Reis”, de José Saramago, é considerado por muitos (onde eu me incluo) um romance notável. Já li três vezes, embora a primeira vez (em Março de 1986) não conte, porque, à data, eu pouco sabia sobre a heteronomia do poeta Fernando Pessoa. O que é fundamental para fruir completamente a leitura deste romance. Revisitei-o, agora, na companhia dos meus amigos do Grupo de Leitura, da Casa Roque Gameiro. 

José Saramago foi muito engenhoso na construção da narrativa, assente em duas vertentes. 

Por um lado, havia um enigma por decifrar. Fernando Pessoa escrevera, em 13/1/1935, que Ricardo Reis vivia no Brasil desde 1919. Mais nada se sabia. Ora, Saramago faz regressar Ricardo Reis a Lisboa no dia 30 de Dezembro de 1935, precisamente um mês depois da morte de Pessoa. 

Por outro, Saramago admirava muito Fernando Pessoa e era um grande leitor da poesia que muito apreciava. Porém, alguns poemas de Pessoa deixavam-no nervoso. E um deles era de Ricardo Reis: “Sábio é o que se contenta com o espectáculo do Mundo”. Saramago não concorda e pergunta: “Contemplar é sábio?” E lança-lhe um desafio, desassossega-o. 

E o que faz Saramago? Põe Ricardo Reis, que não existe, existente, e o Fernando Pessoa, já morto, vivo. Depois, fá-los interagir. Saramago cria a sua versão alternativa da história, a que poderia ter sido. Era o que Saramago achava que se tinha de fazer. E, então, mostra-lhe o espectáculo do Mundo no ano de 1936, o ano em que se gera o nazismo, o fascismo, que começa a Guerra Civil na Espanha, a Mocidade Portuguesa, a Legião Portuguesa,  em que estão a começar todas essas ditaduras e tragédias que atravessaram o séc. XX.

O meu desafio que aqui deixo agora é resolver este problema de Palavras Cruzadas e, no final, descobrir, na diagonal, os nomes das duas personagens femininas principais de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.


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HORIZONTAIS: 1 – Pequenos pães de farinha ordinária; Paul. 2 – Padroeiro; Protozoário livre, comensal ou parasita, constituído por uma única célula nua que muda de forma… 3 – Érbio [símbolo químico]; Sacrifica; Gume. 4 – Dividir ao meio; Canoa estreita, de remos, leve e rápida, de uso nos desportos náuticos. 5Associação Académica de Coimbra [sigla]; Acontecer; Legar. 6 – Indignai; Provi de abas. 7 – Apareces. 8 – Aqueles; Responsável; Grito de dor ou alegria; Aquelas. 9 – Tonel; Monarcas. 10 – Existe; Falso; Alcoólicos Anónimos [sigla]. 11 – Vadiagens.

VERTICAIS: 1 – Obra em verso; Coelho da (…), rua de Lisboa, onde se situa a casa onde o poeta Fernando Pessoa viveu os seus últimos anos de vida. 2 – Aparelhai; Transpira. 3 – Contracção da preposição de + o artigo definido ou pronome demonstrativo a; Amargo. 4 – Proceder; Puro. 5 – Modo [figurado]; Segure; Nota musical. 6 – Vazio; Nenhum. 7 – Graça [figurado]; Porto abrigado por terras mais ou menos altas; Prefixo que exprime a ideia de dois, duplicidade. 8 – Preferi; Beirense. 9 – Raiz; Composição poética lírica de assunto elevado, própria para ser cantada [plural]. 10 – Sacudi; Camareira. 11 – Ócio; Queimar.

Clique Aqui para ver e imprimir.

Aceito respostas até ao dia 24, através do chat do FB ou do meu endereço electrónico: boavida.joaquim@gmail.com. No dia seguinte, apresentarei a solução, assim como os nomes dos decifradores.