domingo, 26 de setembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Maria Judite de Carvalho

"Os Idólatras" é o título de uma obra da escritora portuguesa Maria Judite de Carvalho (1921-1998), pedido com a resolução do passatempo de palavras - cruzadas, referente ao mês de Setembro de 2021.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Crispim; Donanfer II, Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Fernando Semana; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Julieta; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.
Até ao próximo!

domingo, 19 de setembro de 2021

Breve o dia, breve o ano, breve tudo



19 de Setembro de 2021: o heterónimo Ricardo Reis chega hoje à bonita idade de 134 anos.

Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos.
Isto, pensando, me de a mente absorve
Todos mais pensamentos.
O mesmo breve ser da mágoa pesa-me,
Que, inda que magoa, é vida.

27-9-1931
Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. (Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Em véspera de revisitar Pascoaes


«
Uma das obras mais notáveis de Agustina Bessa-Luís, O Susto é um roman à clef, um romance cujas personagens são modeladas em pessoas reais. O protagonista, José Midões, é o poeta Teixeira de Pascoaes. Agustina Bessa-Luís descreve-o como uma figura excepcional, acima de todos os contemporâneos, e não esconde o fascínio que Pascoaes lhe inspira. (…)
Se todos os livros têm o seu destino, o deste romance é duplo. A sua recepção por leitores e pares, e as consequências dessa acidentada recepção, tiveram efeitos consideráveis na carreira da autora, que merecem ser descritos. Quanto ao romance em si mesmo, a descrição que nele é feita da relação entre Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa, crucial para ambos, em particular para o segundo, que aparece no romance como personagem nada fugaz (Álvaro Carmo), parece ter passado inapercebida pela generalidade da crítica, não obstante ser a mais arguta análise dessa relação alguma vez publicada.» 
[Do Prefácio, de António M. Feijó]

Editora "A Relógio d´Água"

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Guerra Junqueiro, poeta mal amado?



GUERRA JUNQUEIRO (Freixo de Espada à Cinta, 15 de Setembro de 1850 — Lisboa, 7 de Julho de 1923) — Sobre as reacções dos seus contemporâneos às suas obras, escreve A.M. Pires Cabral:

“Se Guerra Junqueiro é um poeta mal-amado por muitos, os livros “A velhice do Padre Eterno” e “Pátria” são a fonte principal de todos os ressentimentos. Principalmente o primeiro. Compreende-se porquê: se a ideia dinástica ia aos poucos cedendo terreno ao mesmo passo que ganhava popularidade a ideia republicana, apregoada a cada canto e esquina por uma hoste de apologistas aguerridos, a Igreja — acusando embora danos provocados pelo abalroamento do racionalismo — permanecia uma instituição solidamente arreigada na alma portuguesa. Bulir com ela era bulir com o sentimento religioso de grande parte do povo português, justamente aquela parte que costuma dizer “Graças a Deus muitas, graças com Deus poucas”. É mais ou menos pacífico que Junqueiro não graceja verdadeiramente com Deus, com a ideia pura de Deus, não filtrada pelas humanas formulações do catecismo; mas graceja, e muito, e em termos muitas vezes difíceis de aceitar, com os vigários de Deus, desde o mais humilde cura de aldeia aos cardeais, aos núncios apostólicos e ao próprio Papa. (Mais tarde, em “Horas de luta”, chamará a Roma “necrópole maldita, dragão do mal, sepulcro enorme”.) Os gracejos da “Velhice” nem sempre mantêm a compostura; melhor dizendo, quase nunca mantêm. É evidente que Junqueiro considerava que o clero não era um espelho de virtudes ou, para usar um plebeísmo, “estava a pedi-las“. E que o dogma é uma violência à razão. Mas as generalizações são sempre abusivas. Há no livro escusada violência verbal, por vezes insolência crassa e de gosto duvidoso — de que é exemplo acabado “A sesta do senhor abade”. Joaquim Ferreira chama-lhe “a chacota mais ultrajante do catolicismo”. (“Homens e livros”).”

in “Guerra Junqueiro — Poeta dual”

Caminhar – a minha epifania

O corpo fraquejava e a cabeça rebentava de perguntas para as quais não tinha resposta. “Levanta-te e vai caminhar!” encorajou-me um dia uma amiga. “Caminha, caminha sem tempo contado, vais ver que começarás a ver luz ao fundo, acredita!”

O mês de agosto chegou ao fim e os dias continuam deslumbrantemente limpos, luminosos e quentes.

Em dia de folga saio cedo e caminho pela colina acima da minha casa, banhada pela luz vibrante dos campos verdes que a ladeiam. Uma luz que apetece beber como quem mata a sede com um copo de limonada. Uma luz que me faz acreditar, que se nela estivermos por inteiro, conseguimos trazer leveza aos dias que se seguirão.

O tema da luz vai sendo recorrente na minha vida, quando escrevo, como escolho iluminar a casa ou o jardim, nas velas que acendo à medida que os dias vão escurecendo. Talvez porque na mesma medida teimo em me desfazer dos lugares escuros que inevitavelmente me vão habitando. E, também porque neste país do hemisfério norte, onde metade do ano os dias são mais curtos, cada raio de luz pede atenção.

Desde que vivo na Noruega tenho descoberto que caminhar em contacto íntimo com a natureza me devolve muitas respostas. Contudo, é desde que vivo mais a sul, onde os dias de Verão são quentes e mais longos, que tenho aprofundado mais esta experiência.

Caminhando tomo conta do quanto esse movimento me afecta positivamente, e por consequência aos que me rodeiam.

Há um ano e meio divorciei-me, e caía assim por terra o projecto de família que me tinha levado até aí. Com três filhos maravilhosos e evidentemente vulneráveis pelas circunstâncias, era tempo de repensar tudo de novo, reinventar sonhos, despir-me de velhas verdades.


A caminhar tomo consciência de que as respostas surgem porque eu me disponibilizo tempo, tempo para me escutar e interrogar.

Nesta altura o corpo fraquejava e a cabeça rebentava de perguntas para as quais não tinha resposta. “Levanta-te e vai caminhar!” encorajou-me um dia uma amiga. “Caminha, caminha sem tempo contado, vais ver que começarás a ver luz ao fundo, acredita!”

E como que numa epifania, qual Lázaro erguendo-se dos seus medos e acreditando no amor que o moveria, pus-me a caminhar. Não corri “três anos, dois meses, catorze dias e dezasseis horas” como Forrest Gump, no maravilhoso clássico de Robert Zemeckis, que revisitei há dias com os meus três filhos, mas tenho andado mais do que alguma vez na vida.

Caminho na cidade, no bosque, subo e desço montanhas.

A caminhar tomo consciência de que as respostas surgem porque eu me disponibilizo tempo, tempo para me escutar e interrogar. Tempo para deixar as perguntas emergir e permitir que respostas se vão ensaiando. Muitas vezes em tom de uma oração que me comove.

Caminhar traz-me as minhas fragilidades e forças, faz-me dar de caras com quem verdadeiramente sou, liberta-me de culpas, acalma-me e devolve-me o amor próprio e, por conseguinte, ao outro.

Há uns tempos li o livro do escritor norueguês Erlin Kagge, “A arte de caminhar”, um ensaio muito interessante sobre a experiência de caminhar.

A determinada altura escreve: “Tudo se move mais devagar quando caminho; o mundo torna-se mais suave, e durante um curto espaço de tempo, não me encontro a realizar tarefas domésticas, nem numa reunião, nem a ler manuscritos. Um homem livre tem tempo. (…) A caminhar torno-me o centro da minha própria vida”

Por isso, vivas no campo ou na cidade, caminha, porque, e citando o mesmo livro, “Caminhar significa por vezes empreender uma viagem interior de descoberta”.

Fica o convite!

Marta Parada Carvalho, in Portal dos Jesuítas, de 13/9/2021

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

O deputado Morgado, (coit)ado


NATÁLIA CORREIA
(Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993), poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, cronista, tradutora, editora, conferencista e deputada.

Quando, em 1982, Natália Correia era deputada na Assembleia da República pelo PPD e, discutindo-se a despenalização do aborto, o deputado João Morgado, do CDS, defendeu que “o acto sexual é para fazer filhos”, escreveu ela este poema:

Já que o coito — diz Morgado —
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou — parca ração! —
uma vez. E se a função
faz o órgão — diz o ditado —
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.


Em 1982, já estava vulgarizada em Portugal a contracepção oral (vulgo, pílula), que foi um grande avanço para a emancipação da mulher e para o modo mais livre com que ambos os sexos passaram a poder relacionar-se. A uma gravidez não desejada chamava-se ”um descuido” e a despenalização da sua interrupção voluntária vinha permitir que ser-se mãe e ser-se pai, responsabilidades duradouras, não tivesse forçosamente de nascer de um acto situado no tempo, que tivera uma finalidade bem mais breve — o prazer, com ou sem amor. Alegria Breve.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Maria Judite de Carvalho

O AlegriaBreve evoca, este mês, o centenário de nascimento da escritora portuguesa Maria Judite de Carvalho, autora que permanece ainda desconhecida do grande público, apesar da notória qualidade e profundidade da sua escrita.

Maria Judite de Carvalho nasceu em Lisboa a 18 de Setembro de 1921. Os seus pais viviam na Bélgica, razão pela qual foi criada e educada, desde os três meses de idade, por tias paternas. A sua educação decorreu num ambiente austero e de extrema contenção. Aos quatro anos morreu-lhe uma das tias, aos oito a mãe, que mal conheceu, e pouco depois o meio irmão, pelo lado materno. Com dez anos, foi a vez de uma outra tia e, aos quinze anos, o pai foi dado como desaparecido. Frequentou o Colégio Feminino Francês e concluiu o ensino secundário no Liceu Maria Amália. Matriculou-se em Filologia Germânica.

Em 1944, conheceu Urbano Tavares Rodrigues, com quem casou em 1949. Pouco tempo depois, por razões profissionais do marido, foram para França, onde viveram em Montpellier e em Paris. Em 1950 veio a Lisboa ter a sua única filha, Isabel Fraga, a qual deixou ao cuidado dos avós paternos. 

Quando regressou a Portugal, trabalhou na revista Eva, primeiro enquanto secretária, depois como redactora e chefe de redacção, até 1974, altura em que a revista faliu. Entre 1968 e 1986, altura em que se reformou, foi também redactora do Diário de Lisboa.

A obra de Maria Judite de Carvalho incide predominantemente sobre casos humanos de solidão feminina, os quais reflectem um quotidiano social e um registo sentidamente amargo, muitas vezes temperado pela ironia ou pela mordacidade.

«Flor discreta» da nossa literatura, como lhe chamou Agustina Bessa-Luís, a obra de Maria Judite de Carvalho foi várias vezes galardoada, destacando-se o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística e o Prémio Vergílio Ferreira.

Nas palavras do marido, o escritor Urbano Tavares Rodrigues, a nossa homenageada "Vivia como espectadora, sempre céptica e desencantada... Uma dor funda sempre a acompanhou, tendo atingido os limites do sofrimento, nos últimos anos da sua vida..." Maria Judite de Carvalho morreu em Lisboa em 1998.

Assim, convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o título (2 palavras nas horizontais) de uma obra da escritora portuguesa Maria Judite de Carvalho (1921-1998).



HORIZONTAIS: 1 – Toques; Desordem. 2 – Insigne. 3 – Símbolo de ósmio; Gasta; Sopro. 4 – Ofertas; Empunhai; Pão [Moçambique]. 5 – Assentimento; Memórias [figurado]. 6 – Apaixonados [figurado]. 7 – Sem juízo [figurado]; Conjunto de plantas consideradas mágicas no candomblé e noutros cultos afro-brasileiros [Brasil]. 8 – Incapazes; Conta; Sufixo nominal, de origem latina, que tem sentido diminutivo. 9 – Pertences; Maças; Mais [antiquado]. 10 – Atrevimentos [figurado]. 11 – Abate; Doce.

VERTICAIS: 1 – Amigo [Cabo Verde]; Fim [figurado]. 2 – Maricas [popular]. 3 – Adivinha; Setas; Interjeição que exprime aceitação [Brasil]. 4 – Bem-quer; Queixais; Seguro. 5 – Magra; Venda. 6 – Descompostura. 7 – Princesa ou grande senhora muçulmana, no Oriente; Mira. 8 – Amarra; Idade; Preposição que designa ausência. 9 – Interjeição que exprime espanto [Angola]; Respeito; Como. 10 – Acomodada. 11 – Tocas; Grupo.

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Aceito respostas até dia 25 de Setembro, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?