domingo, 26 de dezembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Florbela Espanca


"Ser poeta" é o título de um poema da poetisa portuguesa Florbela Espanca (1894-1930), pedido com a resolução do passatempo de palavras cruzadas, referente ao mês de Dezembro de 2021.


Participaram: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Crispim; Donanfer II, Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Elvira Silva; Fernando Semana; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.
Até ao próximo.

domingo, 19 de dezembro de 2021

O eremita que se disfarçou de Rei D.Sebastião



Na Ericeira, era conhecido como o Ermitão. Depois de abandonar o Convento de Santa Cruz, Mateus Álvares refugiou-se numa gruta em São Julião, onde viveu durante anos. Era magro, ruivo e parecido com D. Sebastião.

Mateus Álvares nasceu na Praia da Vitória e era filho de um pedreiro. Ingressou na vida religiosa, indo posteriormente para o Continente, primeiro em Óbidos e depois no Convento de Santa Cruz, em Sintra. Contudo, Mateus Álvares não se ambientou à vida conventual, fugindo e refugiando-se numa gruta em S. Julião, 3 kms a sul da Ericeira.
Foi no contexto do domínio espanhol, que os portugueses fizeram nascer a lenda que “ num dia de nevoeiro apareceria D. Sebastião na Ericeira”. Era a forma de manter viva a esperança pela independência.
Mateus Álvares era considerado um homem bonito e alourado e como apareceu na altura do desastre de Alcácer Quibir, passou a ser visto pelo povo como o regressado D. Sebastião.
A população afirmava que D. Sebastião tinha envelhecido por causa das privações que tinha passado na batalha e por ter-se enclausurado na gruta.
Assim, de palavra em palavra, Mateus Álvares virou D. Sebastião, sobretudo após ser interrogado sobre a veracidade da história e de nunca ter negado que era o Rei português. Nascia, assim, a lenda do Rei da Ericeira.
Depois de reclamar o trono casou com Ana Susana, filha de um lavrador, e coroou-a com a tiara roubada de uma imagem religiosa. Exigia beija-mão, gostava de ser tratado como Rei e reuniu um exército pequeno, desorganizado e mal armado à sua volta. A ambição levou-o à morte: apesar de os seus militares amadores terem ganho pequenas batalhas contra o ocupante espanhol, o inimigo acabou por capturar Mateus Álvares e entregá-lo ao Rei Filipe II.

O falso D. Sebastião disse momentos antes de ser esquartejado de forma a que os seus membros ficassem expostos em local onde a população pudesse ver: “Estais livres portugueses! Olhai bem para mim – não sou D. Sebastião, mas sou um homem bom, um bom português que vos libertou do jugo castelhano. Agora sois livres, escolhei e proclamai Rei quem quiserdes!”.
Foi enforcado a 13 de junho de 1585, com ele morreram o seu sogro e a maior parte dos homens de sua confiança no “Alto da Forca”, que ainda hoje existe na Ericeira. Filipe II acabou por dar carta geral de perdão aos “rústicos do concelho de Sintra”. Terminava, assim, a história de Mateus Álvares, o terceirense que foi Rei.
A aventura do Rei da Ericeira foi rápida, mas deixou marcas nas populações locais em redor de Sintra. Foi o D. Sebastião que mais apoiantes obteve e o que melhor soube dinamizar o povo. Com o seu grito de esperança, deu novo ânimo ao espírito nacionalista.

sábado, 4 de dezembro de 2021

O meu Alentejo

Meio-dia. O sol a prumo cai ardente, 
Doirando tudo...Ondeiam nos trigais
D’oiro fulvo, de leve...docemente...
As papoilas sangrentas, sensuais...

Andam asas no ar; as raparigas,
Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram, por entre o oiro das espigas,
Os perfis delicados e trigueiros...

Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador...
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: Onde há pintor,

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste mundo?!

Florbela Espanca

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Florbela Espanca


Parque dos Poetas, em Oeiras / Escultura de Francisco Simões

O AlegriaBreve reconhece, antes de mais, que estava em dívida para com Florbela Espanca, considerada por muitos uma das mais importantes poetisas portuguesas.

Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, sendo baptizada, com o nome de Flor Bela Lobo, a 20 de Junho do ano seguinte, como filha de Antónia da Conceição Lobo e de pai incógnito. Filha ilegítima, só postumamente foi reconhecida pelo pai, homem da burguesia.

É em Vila Viçosa que se desenrola a sua infância. Em Outubro de 1899, Florbela começa a frequentar o ensino pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Espanca (algumas vezes, opta por Flor, e outras, por Bela). Em Novembro de 1903, aos sete anos de idade, Florbela escreve a sua primeira poesia de que há conhecimento, «A Vida e a Morte», mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde já, a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexa. Ainda no mesmo ano, Florbela começa a escrever uma poesia sem título, o seu primeiro soneto.

Viveu alheia às convulsões políticas que acompanharam os primeiros tempos da República, mas pertencia ao núcleo de mulheres que desafiava convenções. Foi das poucas a estudar Direito na Faculdade de Lisboa e, sempre que lhe apetecia, usava calças, indumentária exclusiva do sexo masculino.

Desgostos na vida teve muitos. No amor, três casamentos, dois divórcios e muitos enamoramentos falhados, promessas de felicidade que não se cumpriam. Depois, a morte inesperada e violenta do irmão (Apeles Espanca), os filhos que não teve. Terá sido uma vida de tormentos, inquieta curta vida que se fez “poesia viva”, no dizer de José Régio. 

É justamente reconhecida como uma autora polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, 

Porém, Florbela Espanca, antes de tudo, é poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento.

Da sua obra constam dois livros de sonetos publicados ainda em vida da autora, "Livro de Mágoas" e "Livro de Soror Saudade", um publicado no ano da sua morte, "Charneca em Flor", e outros sonetos inéditos e de edição póstuma. O conjunto dos poemas referidos foi, em 1934, reunido e publicado, pela primeira vez, sob a forma de antologia e com o título de "Sonetos  Completos". 

Um dia Florbela encontrou-se consigo mesma e definiu-se assim: «Sou uma céptica que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida, uma indiferente a transbordar de ternura».

No ano de 1930, a 8 de Dezembro, dia do nascimento e do primeiro casamento, Florbela suicida-se.

Este mês, convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o título (2 palavras nas horizontais) de um poema da poetiza portuguesa Florbela Espanca (1894 – 1930).


HORIZONTAIS: 1 – Choque; Classe. 2 – Ajuda; Ocultes. 3 – Ninho; Corre. 4 – Estreita; Valer; Queixas. 5 – Peva. 6 – Iras. 7 – É erudito. 8 – Maneira [figurado]; Baixa; Tripulação. 9 – Publicas; Paraíso. 10 – Demorar; Devaneador. 11 – Perfumes; Simples.

VERTICAIS: 1 – Simpático [coloquial]; Serena. 2 – Estima; Meios. 3 – Conquista; Alegoria. 4 – Sufixo nominal, de origem grega, que exprime a ideia de filiação; Agarrai; Conta. 5 – Sujeito [Brasil]. 6 – Aparas. 7 – Bordo. 8 – Abundância; Defeito; Período incomensurável de tempo. 9 – Aliança; Idiota. 10 – Mudança constante; Barbeiro [popular]. 11 – Alas; Alies.

Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF.



Aceito respostas até dia 25 de Dezembro inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?