segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O pic-nic das burguesas

O poeta Cesário Verde nasceu há precisamente 158 anos na cidade de Lisboa. Viveu breve, pois morreu quando tinha apenas 31 anos. No poema “De tarde” o poeta fala-nos de um “pic-nic” de burguesas, tal como se tivesse sido ele a pintar esta tela impressionista.
De tarde 

Naquele “pic-nic” de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.


Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, indo o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

Cesário Verde

domingo, 24 de fevereiro de 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Um final feliz!


Aqui estou eu (da 1ª Companhia) e o meu camarada Duarte (da 3º Companhia) no “Cu de Judas”, algures no distrito do Cuando Cubango, também conhecidas por Terras do Fim do Mundo, no Sul de Angola. 
Estamos a orientar a recolha dos Grupos de Combate pelos helicópteros ("Alouettes” da África do Sul) que nos hão-de levar de regresso à base de apoio na N´Riquinha (ou Mavinga?), no final de uma operação que durou cinco dias. Foi designada de "OP TURBILHÃO” (alguém fez o favor de lembrar o nome). Intervieram 120 homens do meu Batalhão (60 da 1ª Companhia e 60 da 3ª Companhia) e, ainda, tropas de outras armas (Comandos, Pára-quedistas…). Decorreu entre 25 e 31 de Maio de 1973. Há quase 40 anos, portanto.

O começo da operação não podia ser pior para mim. Primeiro, o comandante da minha Companhia, ficou, à última hora, impedido de participar e não foi substituído; segundo, já na base de apoio, pouco antes do início da operação, soube-se que o rio (por onde era suposto a 3ª Companhia progredir ao longo de 5 dias) estava seco naquela época do ano. Donde, e ao contrário do que havia sido gizado no conforto dos gabinetes de Luanda, esse grupo, chegado ao terreno, acabou por se juntar ao meu; terceiro, o heli (igual àquele que se vê na imagem), onde eu ia com os meus restantes companheiros, partiu o trem de aterragem quando se preparava para nos largar no terreno. Por sorte, isso ocorreu muito perto do solo e ninguém saiu ferido. Não passou de um grande susto. O heli é que já não saiu do solo, o que atrasou por um dia o timing da operação. Foram cinco dias com mais algumas peripécias, mas que, apesar de tudo, o maior inimigo ainda foi a falta de água.

Por mim, carreguei sobre os ombros, para além das rações de combate para cinco dias, uma grande responsabilidade. Mas, no final, felizmente, vínhamos todos!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

a máquina de fazer espanhóis

Acabei de lei “A Máquina de Fazer Espanhóis”, de Valter Hugo Mãe. Como ele disse, é uma homenagem ao seu pai, falecido 10 anos antes, no abraço apertado de um cancro. Narra a história de António Jorge da Silva, um barbeiro de 84 anos que, depois de perder a mulher, passa a viver num asilo. Para lá, leva o fado, o futebol e uma imagem da Nossa Senhora de Fátima (“a mariazinha”). Mas lá cabem mais coisas. É um romance sobre a velhice, o definhamento do corpo humano, a morte. Fala-nos ainda do amar demais, do salazarismo e das santinhas da nossa devoção. Há ainda espaço para figuras reais, como o conservador do Museu Nacional de Arte Antiga, Anísio Franco, para polícias ficcionais (Jaime Ramos do escritor Francisco José Viegas) e para uma personagem pessoana (o Esteves sem metafísica, esse mesmo, o da “Tabacaria”). 

A personagem do romance é, em certa medida, um herói, porque resiste. É ainda a prova que é possível aprender aos 84 anos, que é capaz de sofrer pelos outros. Como, por exemplo, pela morte do Esteves sem metafísica, seu companheiro no Lar Feliz Idade (uma metáfora da morte?), que o havia conquistado pelo lado da poesia. 

A temática do livro não é original. Vergílio Ferreira abordara o mesmo tema, "Em Nome da Terra", escrito em 1989, livro que António Mega Ferreira disse, já mais que uma vez, gostaria ter escrito. VF conduz, claro, a narrativa com uma "mão" que o VHM ainda não tem. 

De todo o modo, Valter Hugo Mãe consegue autonomizar a sua narrativa, durante a qual vai deixando a uma forte crítica à sociedade em que vivemos: a futilidade daqueles que apenas lêem pasquins, revistas cor-de-rosa ou jornais desportivos; a glória fantasiada do Benfica (aqui concordo inteiramente); o fascismo que nos está entranhado na alma, que se vê na forma como idolatramos políticos com pés de barro e, ao mesmo tempo, esperamos por um qualquer D. Sebastião salvador e redentor; o sistema capitalista feito de chicos-espertos que continuam a sugar o sangue e o suor do povo. 

Foi o primeiro livro que li de Valter Hugo Mãe. Está escrito numa prosa a que Saramago nos habituou, o que, claro, não me perturbou absolutamente nada. Saramago definiu o livro como um “tsunami linguístico, semântico e sintáctico”. Eu não diria tanto, mas quem sou para contrariar o nosso Prémio Nobel. 

É um retrato delicado e sensível da terceira idade, com o que acarreta de ideias confusas sobre o passado e sobre o presente. Vale a pena ler.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Starry Starry Night

Há algum tempo, fiz um trabalho em PowerPoint sobre uma canção conhecida com o nome Starry Starry Night, o mesmo nome de um quadro célebre do pintor Vincent van Gogh. Trata-se de uma dedicatória de Don McLean, cantor e compositor dos EUA. 

Nesse trabalho, apresentei uma tradução quase literal da letra, a qual, confesso, não me agradou totalmente. 

Tive conhecimento, entretanto, de uma tradução feita pelo meu amigo Amaro Rodrigues, a qual se afasta bastante da tal literalidade. Todavia, ganha muito em sonoridade poética, sempre com respeito pela biografia do pintor. 

Esta foi a razão para revisitar o tema, com recurso, desta vez, a outra ferramenta.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Galileo, meu velho pisano



Galileu Galilei nasceu em 15 de Fevereiro de 1564, em Pisa, Itália. Há, portanto, 449 anos. Foi matemático, astrónomo e físico de enorme reputação. "Eppur si muove!", disseste tu, meu velho pisano, ao saíres do tribunal após a tua condenação pelo Santo Ofício. E é verdade, ainda hoje, "contudo, ela se move".

António Gedeão dedicou-lhe este magnífico poema.


Poema para Galileo

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!
Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.
Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.

António Gedeão, in Linhas de Força (1967)




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um poema no Dia dos Namorados

Viriato da Cruz é um poeta angolano. Nasceu em Angola, na cidade de Porto Amboim em 1928. Foi militante destacado no Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), tendo ascendido a secretário-geral em 1960. Dois anos depois, abandonou o cargo de secretário-geral do MPLA, devido a insanáveis divergências com o presidente do movimento, Agostinho Neto. Acabou expulso em 1963, mas, valendo-se dos contactos anteriores, foi para Pequim em 1966, onde fixou residência. 

Os dirigentes chineses receberam-no de braços abertos, mas, mais tarde, veio a cair em desgraça, por progressivamente se ter afastado das teses maoístas. Veio a falecer no dia 13 de Junho de 1973, sendo humilhante a forma como as autoridades chinesas trataram do seu enterro no cemitério dos estrangeiros: entaipado entre quatro tábuas, transportado num camião militar. 

Tem uma obra poética interessante. Foi considerado um importante impulsionador de uma poesia angolana, nas décadas de 40 e 50. 

Deixou-nos o poema “Namoro”, que é esta linda história de amor, aqui aqui contada pelo Fausto.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Contigo chegam os gatos...

Volto aqui à entrevista que os poetas João Luís Barreto Guimarães e Jorge Sousa Braga deram à jornalista Anabela Mota Ribeiro, do jornal “Publico” do Domingo passado. Uma entrevista longa, em que os entrevistados falaram sobretudo de poesia. Contaram as artimanhas que usaram para chegar à fala com o poeta Eugénio Andrade, o qual, como se sabe, tinha fama de ser muito pouco acessível. 

O poeta João Luís, através dos gatos, conta ele: «A minha mãe era criadora de gatos persa. Eu andava a recolher poemas sobre gatos (de Baudelaire a Eliot) para a antologia Assinar a Pele (2001). É um livro que tem na capa um desenho de Vieira da Silva sobre o “gato” Mário Cesariny. A minha mãe disse ao Eugénio que tinha um filho que estava a fazer uma antologia de poemas sobre gatos. Ele com um ar distante — e isso responde a pergunta de há bocado —, respondeu: “Ele que me apareça”. Apareci. Escreveu um poema que começava assim: “Contigo chegam os gatos”. O poema, a que o poeta Eugénio de Andrade deu o título "Acerca de Gatos",  diz assim:

Contigo chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhor dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.

"Retrato de Mónica" por Sophia


Mónica é o nome da personagem do conto Retrato de Mónica, de Sophia de Mello Breyner, escondido nas Palavras Cruzadas que postei aqui há dias. Sophia dá-nos um retrato de Mónica. É uma mulher extraordinária. Faz imensas coisas. Tem uma disciplina rigorosa e constante. Porém, para tanto, Mónica teve que renunciar a três coisas: à Poesia, ao Amor e à Santidade. 

No mais, Mónica faz tudo bem. O seu reino é sólido e grande. O marido de Mónica é um pobre diabo. Aquilo não é um casamento, é uma sociedade. 

Por tudo isto, Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste mundo (Salazar?). Mas nada acontece. Ela é séria e o Príncipe é casto e austero. O que os une, não é o amor, é uma vontade sem amor. 

Afinal, esta Mónica “perfeita” é uma mulher fútil. 

Que pretendeu Sophia transmitir-nos com este conto? 

Uma metáfora perfeita. É um espantoso retrato da mulher “perfeita” que «tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade». Sophia transforma a mulher ideal no símbolo da futilidade. 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

O percalço do poeta João Luís Barreto Guimarães


A Revista do jornal “Público”, de hoje, traz uma longa entrevista de Anabela Mota Ribeiro aos poetas Jorge Sousa Braga e João Luís Barreto Guimarães. Para além de poetas, são médicos: o primeiro, é ginecologista e obstetra; o segundo, é cirurgião plástico e reconstrutivo. Ambos vivem no Porto. Têm um blogue e partilham livros e autores ignotos, verdadeiros tesouros. 

Conheci o poeta João Luís Barreto Guimarães o ano passado na Feira do Livro de Lisboa. Trouxe para casa, autografado, o seu livro “Poesia Reunida”. Foi pela boca dele que ouvi, pela primeira vez, o poema “A Hora do Lanche” de Manuel António Pina. O lanche era na casa do poeta Eugénio de Andrade, quando este se encontrava já muito doente: Na mão da Ana o iogurte não/iluminava, escurecia,/comunhão ajoelhada/no fundo do coração do dia. Começa assim o poema.

Pois, eu não sabia, mas o poeta João Luís Barreto Guimarães é cirurgião plástico e reconstrutivo. Só espero que, quando ele estiver a meio de uma operação, não aconteça o que lhe sucedeu a meio da escrita deste texto: 

Decidi escrever este texto com o lápis muito afiado. Mas de cada vez que roubo palavras à grafite, esta torna-se mais densa e vejo-me obrigado a parar, sob pena de não conseguir cumprir o objectivo. 
O lápis, já de si, não é lá muito comprido. Na verdade já nem consigo segurá-lo bem entre os dedos. De duas em duas palavras, vejo-me a interromper a escrita para o poder aguçar. A continuarmos assim, pode muito bem dar-se o caso de, dentro de poucas palavras, eu já não ter mais lápis pa 

João Luís Barreto Guimarães, in Poesia Reunida

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um retrato de Sophia


Mais um desafio para os meus amigos. Após a leitura dos "Contos Exemplares" de Sophia, esqueci-me do nome da personagem principal de um dos contos. Por sorte, sei que o seu nome está escondido neste problema de Palavras Cruzadas. Depois de resolvido, será encontrado, na diagonal, o nome da tal personagem (1 palavra).

Diverte-te e ajuda os teus neurónios a manterem-se vivos!


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HORIZONTAIS: 1 – O Jantar do (…), nome de um conto de “Contos Exemplares” de Sophia de Mello Breyner; Nome duma personagem de um conto de “Contos Exemplares” de Sophia de Mello Breyner. 2Tábua que guarnece o vão da ombreira da porta; Calculei. 3Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de Deus; Período; Núcleo dos Impostos sobre o Rendimento (sigla). 4 - Preposição que designa lugar; Viatura; Tecido fino, espécie de escumilha. 5 – Resida; Em maior quantidade. 6 – Soluça; Arranco. 7 – Produzo; Assassina. 8Orçamento Rectificativo (sigla); Pessoa que é enfatuada ou presumida; Aqui. 9 - Ril; Dama de companhia; Útil. 10 – Ligas; Tapado. 11 – Palavreado; Coisa agradável no meio de muitas que o não são (figurado).

VERTICAIS: 1 – Agredir; Nome dum livro de poesia de Sophia de Mello Breyner. 2 – O mesmo; Provoque. 3 – Transpiro; Mercado Monetário Interbancário (sigla); Nome dum livro de poesia de Sophia de Mello Breyner.  4 - Pata; Pequeno recipiente sem asa e geralmente de vidro, cristal ou plástico, pelo qual se bebe (plural); Nota musical. 5 – Encerara; Sódio (símbolo químico). 6 – Interjeição que exprime impaciência, aborrecimento ou irritação; Antiga medida equivalente a sessenta alqueires. 7 – Atmosfera; Maço de cigarros. 8 – Uno; Não menciona; Ali. 9 - Ramo do budismo que privilegia a meditação sem objecto ou a pura concentração do espírito, insistindo em certas posturas corporais; Altar cristão; Autocarro. 10 – Fantasia (figurado); Remendei. 11 – Um dos quatro naipes das cartas de jogar; Festa comemorativa da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém.
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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Um diabo com talento

Almeida Garrett nasceu no Porto no dia 4 de Fevereiro de 1799. Há, portanto, 214 anos. Veio a falecer em Lisboa no dia 9 de Dezembro de 1854. Viveu assim a 1ª metade do Século XIX. Período dramático e doloroso. Dele se disse que era no Parlamento o maior orador, não ficando a dever nada a Demóstenes. Gostava muito de aplausos. 

Foi um grande impulsionador do teatro em Portugal e, ainda, uma das maiores figuras do romantismo português. Foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional D. Maria II. 

Deixou-nos “Viagens na Minha Terra” que é muito mais que um romance que narra os amores entre o Carlos e a Joaninha. Às vezes, é um verdadeiro Manual de Política: " E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?

Deixou-nos, também, “Folhas Caídas”, uma colectânea de poesias líricas. É a última e a mais importante obra do autor. A obra teve grande sucesso devido sobretudo à atmosfera erotizante de algumas das suas composições. 

O livro foi editado sem nome de autor. Porém, exposto na Bertrand, foi descoberto por Alexandre Herculano: “Isto não pode ser escrito senão pelo Almeida Garrett. Aquele diabo ainda não sabe o que fazer com o talento que tem!»