Acabei hoje de ler “Um Amor Feliz”, de David Mourão-Ferreira. Aconteceu-me, com este livro, uma coisa a evitar sempre. Por compromisso com outras leituras, deixei o livro a meio e retomei-o há 3 dias. Mas, esta última parte foi lida de supetão.
O romance tem duas personagens principais: um, é escultor, chama-se Fernão; outro, David, ele próprio, David Mourão-Ferreira. Só o descobrimos perto do final da narrativa. Estes dois personagens são, no fundo, um alter-ego um do outro, são o espelho um do outro. Um aspecto importante a ter em conta: O Fernão, o escultor, é o narrador, omnisciente, é ele, portanto, quem faz correr a narrativa. Eles são, de certo modo, iguais e antagónicos. Por sua vez, o Fernão é um concorrente de David, e ambos são adúlteros.
Para além das citadas personagens, o romance tem mais três personagens. Três mulheres. Há mais, mas estas são as personagens centrais.
X, nome de mulher, a XÔ que simboliza, talvez, a mulher do passado.
Y, que é figura central do romance, é uma mulher de uma beleza rara, de olhos azuis, muito esbelta, com um cabelo loiro, loiro natural, que o narrador, muitas vezes, descobre como uma escultura de mármore belo, mármore de Vila Viçosa. É a mulher da paixão, é a mulher do amor, de um amor quase psicótico.
Z, a terceira mulher, ZU é aquela que simboliza o futuro.
Mulheres com nomes estranhos (letras do alfabeto) que o autor explica logo ao início, "além de não querer nem poder dizer o seu nome, o nome é o que menos interessa; ou o que menos deveria interessar-nos".
O Fernão, o escultor, é um homem de cerca de 60 anos, a Y é uma mulher de 35 anos, enquanto a ZU é uma jovem mulher de 24 anos.
O amor, neste romance, assume um papel quase psicótico, quase transcendente, que o autor chama "Um Amor Feliz". Amor feliz é a interrogação se de facto o amor é feliz.
Recomendo vivamente a leitura deste romance. Vale a pena ler a prosa e, sobretudo, a poesia de David Mourão-Ferreira!
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