A minha Lista de blogues

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Mia Couto

"O Fio das Missangas" é o nome de uma obra do escritor moçambicano Mia Couto (1955), pedido com a resolução do passatempo de palavras - cruzadas, referente ao mês de Fevereiro de 2021.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Elvira Silva; Fernando Semana; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Julieta; Juse; Madobar; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Maria de Lourdes; Manuel Ramos; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Paulo Freixinho; Par de Pares; Raquel Atalaya; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

Grato a todos.
Até ao próximo!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

E amei-te sem saberes

E amei-te sem saberes

amei-te sem o saber
amando de te procurar
amando de te inventar

No contorno do fogo
desenhei o teu rosto
e para te reconhecer
mudei de corpo
troquei de noites
juntei crepúsculo e alvorada

Para me acostumar
à tua intermitente ausência
ensinei às timbilas
a espera do silêncio


Mia Couto, em “Raiz de Orvalho e outros poemas”. Lisboa: Editorial Caminho, 1999.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Solidão

Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso

Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio

É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou

Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna

Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Uma dedicatória de Eugénio de Andrade

 Aos contrabanistas de Monfortinho

(se ainda os houver),

que fornicam dos dois lados da fronteira.


Eugénio de Andrade, in "Obscuro Dominio"



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Livros para desconfinar a mente

Jesusalém, de Mia Couto

Jesusalém Mwanito conta-nos a história da sua família depois da morte da sua mãe Dordalma. A escrita inventiva e poética de Mia Couto leva-nos até um lugar onde juntamente com o seu pai, o seu irmão, e o serviçal Zacaria Kalash, Mwanito aprende a humanidade longe do mundo e de qualquer outro contacto. Num lugar longe de tudo, o ‘afinador de silêncios", como lhe chamava seu pai, vai-se confrontando com a verdade sobre o seu modo de vida.

Editora: Caminho – Leya

Ler é o melhor remédio!...Haja vontade para ler! 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Mia Couto

O escritor Mia Couto, nascido em 1955, na Beira, Moçambique, no seio de uma família de emigrantes portugueses, começou por estudar Medicina na Universidade de Lourenço Marques, actual Maputo.

Na juventude integrou o movimento pela independência de Moçambique e, na sequência do 25 de Abril de 1974, interrompeu os estudos para se dedicar ao jornalismo, trabalhando em publicações como "A Tribuna" e "Notícias", tendo sido director da Agência de Informação de Moçambique (AIM).

Nos anos 1980 regressou à universidade para se formar em Biologia e em 1983 publicou o primeiro livro de poesia, “Raiz de Orvalho”.

Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos melhores livros africanos do século XX), foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007.

Ainda neste ano de 2007, Mia Couto foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance "O Outro Pé da Sereia".

Jesusalém foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importante da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama.

Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. 

Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões.

Numa entrevista que deu à revista Ípsilon/Público, em 7 de Junho de 2013, Mia Couto disse de si: 

«[…] Em muitos aspectos me aprendi como uma criatura entre fronteiras: um branco que é africano; um ateu não praticante; um poeta que escreve prosa; um homem que tem nome de mulher; um cientista que tem poucas certezas na ciência; um escritor numa terra de oralidade. […]»

A sua linguagem, extremamente rica e muito fértil em neologismos, confere-lhe uma singular originalidade, de uma grande beleza. Cada palavra inventada como que adivinha a secreta natureza daquilo a que se refere. As imagens que emprega evocam mundos fantásticos e em certa medida um pouco surrealistas. Mia Couto é um excelente contador de histórias.

Se me pedissem para escolher um livro, de entre a sua vasta obra (e li uma boa parte dela), a minha escolha recairia sobre "As Areias do Imperador", uma trilogia ("Mulheres de Cinzas", "A Espada e a Azagaia" e "O Bebedor de Horizontes"). Uma trilogia sobre os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África dirigido por um africano. Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses) foi o último de uma série de imperadores que governou metade do território de Moçambique.

Por fim, uma confissão. O responsável por este blogue sente-se, finalmente, aliviado de um pecado enorme, mas perdoável, espero. É a primeira vez que traz ao AlegriaBreve o grande Mia Couto, um dos seus mais dilectos escritores. Mais vale tarde que nunca.

Convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o nome (4 palavras nas horizontais) de uma obra do escritor moçambicano Mia Couto (1955).


HORIZONTAIS: 1 – Mentiras [figurado]; Grupo de pessoas que acompanha e aconselha um dirigente político. 2 – Enfasties. 3 – Interjeição que exprime cansaço; Fomentar [figurado]; Símbolo de césio. 4 – Linha; Peguei; Contracção de de+as. 5 – Esfera; Elevação da voz. 6 – Variedade de letra de imprensa muito miúda [plural]. 7 – Cretino; Magnete. 8 – Causa; Infames; Interjeição que exprime repulsa [Angola]. 9 – Difícil; Combater; Orçamento Rectificativo [sigla]. 10 – Espécie de guilhotina para aparar as folhas dos livros brochados. 11 – Messe; Pancada. 

VERTICAIS: 1 – Indivíduo não circuncidado [Guiné-Bissau]; Roubes. 2 – Coragem [figurado]. 3 – Interjeição usada para interromper; Decesso; Entre nós. 4 – Estreita; Sufixo nominal de origem latina, que ocorre em substantivos femininos que designam dignidade; Descobrir. 5 – Dito sarcástico [figurado]; Mira. 6 – Imerecida. 7 – Fechai parcialmente (as asas) para descer mais depressa; Fecha [Guiné-Bissau]. 8 – Sentir; Intervinde; Riso. 9 – Aquelas; Tragédia; Brisa. 10 – Servente de padaria [Brasil]. 11 – Cave; Faro [figurado].

Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF.


Aceito respostas até dia 25 de Fevereiro, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?