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terça-feira, 23 de março de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Ondjaki

"Bom dia camaradas" é o nome de uma obra do escritor angolano Ondjaki (1977), pedido com a resolução do passatempo de palavras - cruzadas, referente ao mês de Março de 2021.

O romance (2001) tem como cenário a cidade de Luanda na década de 1980. Trata-se de uma história sobre a infância e – embora classificado como um livro de ficção – é possível encontrar nele certo carácter memorialista. Pretende analisar o olhar infantil do narrador e a proximidade entre ficção e realidade. A narrativa traz alguns factos reais de um país que enfrentou uma violenta guerra civil, desde a sua independência. Uma das marcas do povo angolano é a esperança de dias melhores, um dos motes temáticos analisados neste trabalho.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Crispim; Donnanfer II, Dupla Algarvia (Anjerod e Mister Miguel); El-Danny; El-Nunes; Fernando Semana; Filomena Alves; Fumega; Gilda Marques; Homotaganus; Horácio; Jani; João Bentes; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Julieta; Juse; Madobar; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Maria de Lourdes; Manuel Ramos; My Lord; Neveiva; Olidino; O. K.; Par de Pares; Raquel Atalaya; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Seven; Socrispim; Somar; Virgílio Atalaya e Zabeli.

Grato a todos.
Até ao próximo!

sexta-feira, 19 de março de 2021

A vida não é um intervalo

Temos vivido aquilo que sentimos como um longo e interminável intervalo, sempre à espera de um fim que desejamos próximo. Ao mesmo tempo, entre avanços e recuos, fica a enorme tentação de desconfiar da luz anunciada para o fim do túnel. Na melhor das hipóteses, essa luz parece-nos interrompida por demoradas intermitências.


Mas a vida não é o que virá depois deste tempo. Há nesta contingência sinais de quem não desiste da esperança, de quem abre caminhos e de quem traz palavras que oferecem consolação. A vida é aqui e agora.

terça-feira, 16 de março de 2021

A Sílaba

Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta. Só eu sei
a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de janeiro, da estiagem
do verão. Uma sílaba.
Uma única sílaba.
A salvação.

Eugénio de Andrade │ Ofício de Paciência

segunda-feira, 15 de março de 2021

Um lugar

Um lugar

era um lugar no telhado da cidade
com
senhoras de olhos calmos
e moscas gordas.
um sino abençoou o silêncio.
uma nuvem roçou a igreja
cumprimentando árvores
velhos e
pássaros.
era um lugar onde as sombras
se afogam - náufragas
e regressavam ao mundo em silêncio - sobreviventes
dali
as pessoas emprestavam os pés às pombas
e elas roçavam os telhados
para cumprimentar as casas.
certa manhã
ali sentado
ouvi o sino falar.
não decifrei o murmúrio
[não tenho o dom da quietude]
mas embebi-me do essencial:
aquele era também um deslugar
- chão apropriado para repousar os dedos
e esperar uma formiga passar;
esperar a mordidela também
sabendo-me vivo
em corpo de sangue.

Ondjaki

domingo, 14 de março de 2021

Nos campos de Alpedrinha

Arte dos versos

Toda a ciência está aqui,
na maneira como esta mulher
dos arredores de Cantão,
ou dos campos de Alpedrinha,
rega quatro ou cinco leiras
de couves: mão certeira
com a água,
intimidade com a terra,
empenho do coração.
Assim se faz o poema.

Eugénio de Andrade │Rente ao dizer

quinta-feira, 11 de março de 2021

Coro dos empregados da Câmara


Lembrando Mauel da Fonseca que partiu, há 28 anos,para o céu dos poetas.


Coro dos empregados da Câmara

É tão vazia a nossa vida,
é tão inútil a nossa vida
que a gente veste de escuro
como se andasse de luto.
Ao menos se alguém morresse
e esse alguém fosse um de nós
e esse um de nós fosse eu...

... O Sol andando lá fora,
fazendo lume nos vidros,
chegando carros ao largo
com gente que vem de fora
(quem será que vem de fora?)
e a gente praqui fechados
na penumbra das paredes,
curvados prás secretárias
fazendo letra bonita.

Fazendo letra bonita
e o vento andando lá fora
rumorejando nas árvores,
levando nuvens pelo céu,
trazendo um grito da rua
(quem seria que gritou?)
e a gente praqui fechados
na penumbra das paredes,
curvados prás secretárias
fazendo letra bonita,
enchendo impressos, impressos,
livros, livros, folhas soltas,
carimbando, pondo selos,
bocejando, bocejando,
bocejando.


Manuel da Fonseca, in Planície

segunda-feira, 8 de março de 2021

Não chames bela – Chama-lhe Mulher!

MULHER

Chamam-te linda, chamam-te formosa,
Chamam-te bela, chamam-te gentil...
A rosa é linda, é bela, é graciosa,
Porém a tua graça é mais subtil.

A onda que na praia, sinuosa,
A areia enfeita com encantos mil,
Não tem a graça, a curva luminosa
Das linhas do teu corpo, amor e ardil.

Chamam-te linda, encantadora ou bela;
Da tua graça é pálida aguarela
Todo o nome que o mundo à graça der.

Pergunto a Deus o nome que hei-de dar-te,
E Deus responde em mim, por toda parte:
Não chames bela – Chama-lhe Mulher!

Rui de Noronha

segunda-feira, 1 de março de 2021

Devaneios cruzadísticos │ Ondjaki

O poeta e escritor africano Ndalu de Almeida, popularmente conhecido como Ondjaki, nasceu na cidade de Luanda, metrópole e capital angolana, em 1977. Após realizar os seus primeiros estudos na sua terra natal, obteve a licenciatura em Sociologia em Lisboa. Em 2000, o poeta conquistou a segunda posição no concurso literário angolano António Jacinto, e lançou seu primeiro volume poético, "Actu Sanguíneu".

A sua trajectória artística passou também pela actuação teatral e pela pintura e aproveitou a sua estada em Lisboa para cursar teatro amador, optando depois por uma especialização profissional.

Adquiriu o gosto pela leitura em bandas desenhadas como Astérix, o gaulês, mas aos 14 anos apaixonou-se pelas obras de grandes autores, como Gabriel Garcia Márquez, Jean-Paul Sartre e, sobretudo, Graciliano Ramos, que exerceu sobre ele uma enorme influência.

O escritor residiu, durante vários anos, desde fins de 2007, no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.  Fã da literatura brasileira, ele interessou-se muito pela obra de Clarice Lispector e de Guimarães Rosa e, desde a primeira hora, pela obra de Graciliano Ramos. Actualmente, já não mora no Brasil, mas sim em Luanda, Angola.

Está traduzido em inúmeras línguas, com romances como "Os Transparentes", que lhe valeu o Prémio José Saramago e, ainda, o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, em 2007, pela sua obra "Os da Minha Rua".

É considerado um dos jovens talentos da literatura lusófona, tendo recebido várias distinções.

Os seus livros têm sido traduzidos em vários países, especialmente em França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e China. Em Outubro de 2010 ganhou, no Brasil, o Prémio Jabuti de Literatura, na categoria Juvenil, com o romance "Avó Dezanove e o Segredo do Soviético".

Este mês, convido os meus amigos a resolver este problema e, no final, encontrar o nome (3 palavras nas horizontais) de uma obra do escritor angolano Ondjaki (1977).


HORIZONTAIS
: 1 – Inquieta; Socorra. 2 – Provocante. 3 – Causa; Seca; Prova. 4 – Levante; Acolá; Seguro. 5 – Sem juízo [figurado]; Segura. 6 – Pão [Moçambique]; Saúde. 7 – Bolha; Eternidade. 8 – Estado atmosférico; Celeiro [Guiné-Bissau]; Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de paixão. 9 – Convinha; Perdes o juízo [coloquial]; Simples. 10 – Amigos. 11 – Castas; Ferida.

VERTICAIS: 1 – Comilão [popular]; Ocioso. 2 – Chamada; Grita [popular]. 3 – Adivinha; Batata-doce [Angola]; Assento [popular]. 4 – Sujeita; Timão do arado; Abismo. 5 – Indigna; Refúgio [antiquado]. 6 – Pule; Famas. 7 – Regulamento; Família. 8 – Gasta; Interjeição usada para saudar; Graça [figurado]. 9 – Paga; Conciso; Bata. 10 – Seguir; Paramentas. 11 – Divisas; Tenta.

Clique Aqui para abrir e imprimir o PDF.


Aceito respostas até dia 25 de Março, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?