A minha Lista de blogues

sexta-feira, 26 de maio de 2023

Devaneios cruzadísticos │ Eduardo Lourenço (Revisitado)

"A NAU DE ÍCARO" são as 4 primeiras palavras de um título (11 palavras) de uma obra do professor e filósofo português Eduardo Lourenço (1923-2020), pedido com a resolução do passatempo de Palavras Cruzadas, referente ao mês de Maio de 2023.


Recebi respostas de: Aleme; António Amaro; Antoques; Arjacasa; Bábita Marçal; Baby; Caba; Candy; Corsário; Donanfer II, El-Danny; Fumega; Homotaganus; Horácio; Jani; João Alberto Bentes; João Carlos Rodrigues; Joaquim Pombo; José Bento; José Bernardo; Juse; Mafirevi; Magno; Manuel Amaro; Manuel Carrancha; Manuel Ramos; Maria de Lourdes; My Lord; Neveiva; Olidino; PAR DE PARES; Reduto Pindorama (Agagê, Joquimas e Samuca); Ricardo Campos; Rui Gazela; Russo; Salete Saraiva; Sepol; Seven; Socrispim; Solitário; Somar; TRIO SUL-MINAS (Crispim, Loanco e O. K.), Virgílio Atalaya e Zabeli.

A todos, obrigado.

Até ao próximo. 

quarta-feira, 24 de maio de 2023

O charadismo em Ferreira de Castro

 


Há 125 anos nasceu o escritor Ferreira de Castro, em Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis. Depois de ter terminado os estudos primários, emigrou para o Brasil, para trabalhar como empregado de armazém no seringal Paraíso, na selva amazónica. A experiência permitiu-lhe escrever “ A Selva”, um dos livros portugueses mais traduzidos em todo o mundo. No romance, que foca o drama dos trabalhadores dos seringais na Amazónia, ele relata a sua iniciação no mundo do charadismo.

«….quando era verdade ter descoberto um amigo no Sr. Guerreiro. Ou fosse pela cor da pele, ou ainda por saber francês e ter leitura, o guarda-livros mostrava-se-lhe afeiçoado no tom paternal do tratamento. E mais duma vez, à hora grata do poente, o chamara para debaixo da sapotilheira, e ali, sentados, o iniciara nos labirintos do charadismo. Com o «Luso-brasileiro» nas mãos esguias, passara das «novíssimas», de mais fácil decifração, às sincopadas, não também mui difíceis, e, depois, fora até aos logogrifos e enigmas, onde só metiam dente os mestres envelhecidos sobre os calepinos.
...
Em mira às suas boas graças, Alberto interessara-se e progredia constantemente:
- O charadismo disciplina o cérebro, dá cultura e ajuda a matar o tempo. Que ia eu fazer sem esta distracção? - dogmatizara uma tarde o Sr. Guerreiro...»

Ferreira de Castro │A Selva

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O Cavador


"O Cavador", escultura de pedra concebida por António Augusto da Costa Mota (tio, 1862-1930), inaugurada em 1913 no Jardim Guerra Junqueiro (Jardim da Estrela), em Lisboa. Foi a primeira escultura a ser colocada naquele jardim após a implantação da República.

O Cavador

Dezembro, noite, canta o galo...
Rouco na treva canta o galo...
— Oh, dor! oh, dor! —
Aldeão não durmas!... Vai chamá-lo,
Miséria negra, vai chamá-lo!...
— Oh, dor! oh, dor! —
Bate-lhe à porta, é teu vassalo,
Que traga a enxada, é teu vassalo,
Fantasma negro, o cavador!

O vento ulula... Tremem ninhos...
Na noite aziaga tremem ninhos...
— Oh, dor! oh, dor! —
A neve cai, fria d'arminhos...
Na escuridão, fria d'arminhos...
— Oh, dor! oh, dor! —
Passa maldito nos caminhos,
D'enxada ao ombro nos caminhos,
Fantasma negro, o cavador!

Vem roxa a estrela d'alvorada...
Vem morta a estrela d'alvorada —
— Oh, dor! oh, dor! —
Montanhas nuas sob a geada!...
Hirtas, de bronze, sob a geada!...
— Oh, dor! oh, dor! —
Torvo, inclinado sobre a enxada,
Rasga as montanhas com a enxada,
Fantasma negro, o cavador!

Cavou, cavou desde que é dia...
Cavou, cavou... Bateu meio-dia...
— Oh, dor! oh, dor! —
De pé na encosta erma e bravia,
Triste na encosta erma e bravia,
— Oh, dor! oh, dor! —
Largando a enxada, «Ave-Maria!...»
Reza em silêncio... «Ave-Maria!...»
Fantasma negro, o cavador!

Cavou, cavou na serra agreste,
D'alva à noitinha, em serra agreste...
— Oh, dor! oh, dor! —
E um caldo em prémio tu lhe deste,
Meu Deus!... seis filhos tu lhe deste...
— Oh, dor! oh, dor! —
Batem trindades... «Pai Celeste!...
Bendito sejas, Pai Celeste!...»
Reza, fantasma, o cavador!

Cavou cem montes... que é do trigo?
Gerou seis bocas... que é do trigo?
— Oh, dor! oh, dor! —
Bateu a Fome ao seu postigo...
Bateu a Morte ao seu postigo...
— Oh, dor! oh, dor! —
«Que a paz de Deus seja comigo!...
Que a paz de Deus seja comigo!...»
Disse, expirando, o cavador!

Guerra Junqueiro, in "Os Simples", Junho 91.

Devaneios cruzadísticos │ Eduardo Lourenço (Revisitado)

Comemora-se neste ano de 2023 o 𝐂𝐞𝐧𝐭𝐞𝐧𝐚́𝐫𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐄𝐝𝐮𝐚𝐫𝐝𝐨 𝐋𝐨𝐮𝐫𝐞𝐧𝐜̧𝐨, professor, filósofo e pensador português, motivo mais que suficiente para o AlegriaBreve se juntar, ainda que modestamente, à celebração desta figura ímpar da cultura portuguesa, revisitando a sua vida e obra.

Nascido em S. Pedro de Rio Seco, concelho de Almeida, distrito da Guarda, a 23 de Maio de 1923, lecionou em diversas universidades, de Coimbra a Brasília, passando por Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, Grenoble e Nice. Colaborador de longa data da Fundação Calouste Gulbenkian, foi seu administrador não executivo entre 2002 e 2012. De 2016 a 2020 foi Conselheiro de Estado, por nomeação presidencial. Faleceu em Lisboa no dia 1 de Dezembro de 2020.

Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre “um olhar inquietante sobre a realidade”, como destacaram os seus pares. 

O Labirinto da Saudade” é, porventura, a sua obra mais citada. Aproximou-se da modernidade na obra de Fernando Pessoa, através dos livros “Pessoa Revisitado” (1973), “Infinito Pessoa” (1975), “Pessoa, Rei da Nossa Baviera” (1986). Abrange muitos outros textos fundamentais, uns publicados, outros inéditos, e ainda outros cortados pela censura. Revelam a atenção e o interesse de Eduardo Lourenço, a partir de 1949, pela obra conhecida, na altura, de Fernando Pessoa.

Recebeu, ao longo da sua vida, numerosas distinções, entre as quais o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988), o Prémio Camões (1996)o Prémio Pessoa (2011) e o Prémio da Academia Francesa (2016). 

Entre outras condecorações, foi agraciado com as Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem da Liberdade. Foi ainda nomeado Officier de la Légion d’Honneur e consagrado Doutor Honoris Causa pelas Universidades do Rio de Janeiro (1995), Universidade de Coimbra (1996), Universidade Nova de Lisboa (1998) e Universidade de Bolonha (2006).

Foi amigo e manteve correspondência com grandes nomes da literatura portuguesa, caso de Jorge de Sena e Vergílio Ferreira.

Homem de enorme cultura, e todavia humilde, um dia confessou: «Sei que adquiri uma vasta sabedoria que não me serve para nada».

Convido os meus amigos a solucionar este passatempo de palavras-cruzadas e encontrar a final, nas horizontais, as 4 primeiras palavras de um título (11 palavras) de uma obra do professor e filósofo português Eduardo Lourenço (1923-2020).


HORIZONTAIS: 1 – Séries [figurado]; Fixa. 2 – Desgosta; Adivinhar. 3 – Tripulação; Está [figurado]; Preposição que designa meio. 4 – Torre; Descanso. 5 – Interjeição que exprime admiração [Moçambique]; Pequena caixa-clara que se percute com duas baquetas [Música]. 6 – Descompostura [figurado]. 7 – Indivíduo que foi vítima da sua própria ambição; Único. 8 – Interjeição indicativa de saudação [Brasil]; Murcha. 9 – Pertences; Imite; Graça [figurado]. 10 – Elemento de formação de palavras que exprime a ideia de cauda; Rezas. 11- Molha; Penoso.

VERTICAIS: 1 – Apetite; Pobre. 2 – Ala [Arquitectura]; Vilar. 3 – Imorais; Pátria; Interjeição que exprime espanto [Angola]. 4 – Gume; Lavras. 5 – Preposição que designa privação; Afastada. 6 – Pesar; Intervim. 7 – Máscaras; Causa. 8 – Tímidos [figurado]; Preposição que designa estado. 9 – Mais [antiquado]; Indigna; Catafalco. 10 – Sebe; Fútil [figurado]. 11 – Areeiro; Finório.

Clique  Aqui para abrir e imprimir o PDF com o passatempo.


Aceito respostas até dia 25 de Maio, inclusive, por mensagem particular no Facebook ou para o meu endereço electrónico, boavida.joaquim@gmail.com. Em data posterior, apresentarei a solução, assim como os nomes dos participantes. 

Vemo-nos por aqui?