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quarta-feira, 24 de maio de 2023

O charadismo em Ferreira de Castro

 


Há 125 anos nasceu o escritor Ferreira de Castro, em Ossela, concelho de Oliveira de Azeméis. Depois de ter terminado os estudos primários, emigrou para o Brasil, para trabalhar como empregado de armazém no seringal Paraíso, na selva amazónica. A experiência permitiu-lhe escrever “ A Selva”, um dos livros portugueses mais traduzidos em todo o mundo. No romance, que foca o drama dos trabalhadores dos seringais na Amazónia, ele relata a sua iniciação no mundo do charadismo.

«….quando era verdade ter descoberto um amigo no Sr. Guerreiro. Ou fosse pela cor da pele, ou ainda por saber francês e ter leitura, o guarda-livros mostrava-se-lhe afeiçoado no tom paternal do tratamento. E mais duma vez, à hora grata do poente, o chamara para debaixo da sapotilheira, e ali, sentados, o iniciara nos labirintos do charadismo. Com o «Luso-brasileiro» nas mãos esguias, passara das «novíssimas», de mais fácil decifração, às sincopadas, não também mui difíceis, e, depois, fora até aos logogrifos e enigmas, onde só metiam dente os mestres envelhecidos sobre os calepinos.
...
Em mira às suas boas graças, Alberto interessara-se e progredia constantemente:
- O charadismo disciplina o cérebro, dá cultura e ajuda a matar o tempo. Que ia eu fazer sem esta distracção? - dogmatizara uma tarde o Sr. Guerreiro...»

Ferreira de Castro │A Selva

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