Passam hoje 197 anos sobre a morte de Gomes Freire de Andrade, por enforcamento, em condições trágicas que merecem ser lembradas.
Gomes Freire nasceu em Viena em 27 de Janeiro de 1757 e morreu em 18 de Outubro de 1817 no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras. Foi um general português. O pai era embaixador de Portugal na corte austríaca. Casou com uma Condessa, sem dinheiro. Com tem 13 anos (em 1780), o pai morre, deixando a família (ele, a mãe e o irmão) sem recursos, em grande dificuldade. Portugal (governava D. Maria I) não ajudou. Diz-se pelo facto do pai estar muito próximo de Marquês de Pombal, sobretudo por causa da perseguição à Companhia de Jesus.
Com 24 anos (1781), Gomes Freire, já um homem culto, vem para Portugal. Assentou praça como cadete em Peniche, aos 25 anos. A regra era assentar praça aos 14 anos. Depois, esteve 3 anos na Marinha, mas pediu para voltar ao Exército. Entretanto, a Áustria aliou-se à Rússia para expulsar os turcos da Europa. A czarina Catarina II, que era muito liberal de costumes, convidou-o mais que uma vez para o seu camarote na Ópera. Mas o Príncipe de Potemkin, próximo da czarina, afastou-o. Participa em várias campanhas militares, revelando-se um grande militar, e foi muitas vezes condecorado.
Voltou a Portugal. Entretanto, eclodiu a Revolução Francesa de 1789. Toda a Europa se alia para contrariar a revolução. E Portugal também adere, aliada a Espanha, participando na Campanha do Rossilhão. As tropas desembarcaram no Sul de França, no Rossilhão. Porém, o exército português estava pessimamente equipado. Nem botas tinham. Esfarrapados e esfomeados. Gomes Freire fez relatórios sobre isso para Portugal, o que lhe criou inimigos.
Esteve preso, acusado de indisciplina. Escrevia bastante á volta do tema “Como organizar o exercito”. Em 1807, é feito General com 50 anos. Em Novembro entram os franceses em Portugal (1ª Invasão). Junot arrebanha portugueses para o exército francês e cria a Legião Portuguesa para combater ao lado de Napoleão. Gomes Freire entra para a Legião Portuguesa e por lá anda desde meados de 1808 até 1812. Participa na invasão da Rússia. Saíram de Portugal 11.000 homens e regressaram 100!. O exército napoleónico que invadiu a Rússia era constituído por 450.000 homens (nunca houvera um exército tão grande). Voltaram 18.000! A retirada foi desastrosa. Napoleão insistiu, mas veio a ser definitivamente derrotado na batalha de Waterloo.
Acabada a guerra, Gomes Freire regressa a Portugal, tendo ainda pensado ir para o Brasil. Foi muito criticado por ter estado perto de Napoleão. Quando acabou a guerra disse: “Vou dependurar a minha espada que enferrujará à vontade”. Ligado à maçonaria, aceitou ser Grão-Mestre. "O verdadeiro soberano é o povo" era o pensamento que o animava. Tem que haver uma Constituição que consagre esses direitos. O país estava na miséria. A corte encontrava-se no Brasil. Havia a Regência do Reino, mas quem mandava era o inglês Beresford. Reclamava-se a presença do Rei. Entretanto, Gomes Freire veio a ser implicado e acusado de liderar uma conspiração em 1817 contra a Monarquia.
Foi detido, preso e condenado à morte por enforcamento (embora tenha pedido para ser fuzilado) junto ao Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, por crime de traição à Pátria. O cadáver foi deitado ao mar, andou para cá e para lá, até o mar o devolver à praia. Os cães estavam já devorar o que restava do cadáver, quando uns soldados o enterraram no areal. Mas este homem não morreu em vão. Um grupo de liberais hão-de reunir-se no Porto, no Sinédrio, para preparar a Revolução de 1820, que vencerá.
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