Rei D. Sebastião foi um rei triste, um rei perdido. Reinou entre 1568 e 1578. Dez anos de declínio. Uma triste sombra na História de Portugal.
Quando D. João III morre, é ele que sucede, mas só tem 3 anos de idade. A regência é assegurada pela avó, D. Catarina, viúva de D. João III, e, depois, pelo tio, o Cardeal D. Henrique. É sagrado Rei quando completa 14 anos de idade. A cerimónia teve lugar no Palácio dos Estaus, no dia 20 de Janeiro de 1568, onde hoje é o Rossio. Conta-se que Pedro Nunes, que também era astrólogo, disse «não, não, neste dia não...estrelas infelizes...reinado curto...vai acabar mal». Acreditando ou não, o célebre matemático teve razão antes de tempo.Foram 10 anos trágicos, de contínua decadência.
O nosso rei tinha o sonho de conquistar o Norte de África e converter os mouros ao Cristianismo. Rodeou-se de gente que o adulava, mormente jovens, e não deu ouvido às vozes dos mais velhos que não aconselhavam aventuras militares numa altura em que não estava assegurada a sucessão no trono.
Paradoxalmente, Luís de Camões idolatrou-o e dedicou-lhe o livro. Contrariamente a algumas vozes, o Rei não conheceu o poeta. «de vós não conhecido nem sonhado», diz Camões quase no final do poema épico.
A residência principal do Rei foi o Palácio de Santos, uma antiga colina com o mesmo nome (homenagem a 3 mártires e onde o rei D. Afonso Henriques mandou construir uma pequena ermida). Hoje, o antigo Palácio é o edifício da Embaixada de França, que o tem preservado magnificamente, Tem um jardim com vista para o rio Tejo. Naquela altura, as águas chegavam às muralhas do Paço. No jardim ainda está lá uma mesa que, segundo dizem, foi onde o rei tomou a última refeição antes de embarcar para a viagem de onde não voltaria.
O nosso jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso. Conta-se que um dia, numa festa realizada no Palácio de Santos, o jovem rei tocou, sem querer, no seio de uma jovem. O "pobre" rei ficou perturbadíssimo. "Ai, que pecado tão grande! ". Recolheu-se ao oratório e esteve 3 dias, de joelhos, a rezar! Um rei perdido nos seus labririntos!
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