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sábado, 17 de junho de 2017

A tua nudez...


Fez ontem 20 anos que o poeta David Mourão-Ferreira partiu. Aqui fica, com um dia de atraso, a minha homenagem ao poeta do amor e da sensualidade. Razão especial para escolher este poema? A descoberta do último verso, por aí... nos meus devaneios...ia-me custando o meu último neurónio. 

Rangia entre nós dois a música da areia
como se fosse Agosto a dedilhar um sistro
Agora está fechada a casa onde te amei
onde à noite uma vez devagar te despiste

Floresça o clavicórdio em pleno mês de Outubro
Na harpa de Setembro entrelaçou-se a vinha
A que vem de repente entre os dois este muro
feito de solidão de sal de marés vivas

Podia conjurar-te a que não me esquecesses
mas é longe do Mar que os navios são tristes
De que serve o convés com a sombra das redes

Quis a tua nudez Não quis que te despisses


David Mourão-Ferreira in 366 POEMAS QUE FALAM DE AMOR, Antol. org. por Vasco Graça Moura, (Lisboa, Quetzal, 2003)

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