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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Carta a Ângela

O poeta Carlos de Oliveira no Parque dos Poetas em Oeiras

Escultura de Francisco Simões


CARTA A ÂNGELA

Para ti, meu amor, é cada sonho 
de todas as palavras que escrever, 
cada imagem de luz e de futuro, 
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas, quem os nega, 
se em nós abertos inda em nós persistem? 
Quantas vezes os versos que te dou 
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei 
e em lágrimas de sombra nos perdemos! 
As mesmas que contigo regressei 
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos 
e mais certa, dos erros cometidos, 
foste de novo, e sempre, a mão da esperança 
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida 
e um rio abriu-se onde era areia e dor. 
Porque chegaste à hora prometida 
aqui te deixo tudo, meu amor!

Carlos de Oliveira, (Belém do Pará, 10 de Agosto de 1921 — Lisboa, 1 de Julho de 1981)

(Ângela de Oliveira viria a morrer em 15.2.2016 com 95 anos)

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