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quarta-feira, 16 de maio de 2018

Lendo eu "Aventuras de João Sem Medo", de José Gomes Ferreira, tropeço neste traço da narrativa, em que o protagonista, em viagem pelo Mundo Absurdo Mágico, pergunta à formiga: 
« - E as cigarras? Como despedem vocês agora as cigarras quando essas mandrionas vêm esmolar comida? Mandam-nas dançar como dantes

Pois, lembrei-me do poema do grande, mas muito esquecido, poeta João de Deus, poema que conheço desde o tempo dos bancos da escola:

A Cigarra e a Formiga

Como a cigarra o seu gosto
É levar a temporada
De Junho, Julho e Agosto
Numa cantiga pegada,
De Inverno também se come,
E então rapa frio e fome!
Um Inverno a infeliz
Chega-se à formiga e diz:
- Venho pedir-lhe o favor
De me emprestar mantimento,
Matar-me a necessidade;
Que em chegando a novidade,
Até faço um juramento,
Pago-lhe seja o que for.
Mas pergunta-lhe a formiga:
"Pois que fez durante o Estio?"
- Eu, cantar ao desafio.
"Ah cantar? Pois, minha amiga,
Quem leva o Estio a cantar,
Leva o Inverno a dançar!"

João de Deus (1830 - 1896)

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