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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Lembrando José Régio

José Régio morreu no dia 22 de dezembro de 1969, na sua casa , em Vila do Conde

‘Testamento do Poeta’

Todo esse vosso esforço é vão, amigos:
Não sou dos que se aceita... a não ser mortos.
Demais, já desisti de quaisquer portos;
Não peço a vossa esmola de mendigos.

O mesmo vos direi, sonhos antigos
De amor! olhos nos meus outrora absortos!
Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,
Que fostes o melhor dos meus pascigos!

E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo e todos vejo reduzidos,
E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!....
Basta-me o gesto de contar um verso.

José Régio, in 'Poemas de Deus e do Diabo'

José Régio - pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira – foi escritor, poeta, dramaturgo, ensaísta, cronista, crítico, memorialista, epistológrafo e historiador da literatura portuguesa, para além de editor e diretor da influente revista literária “Presença''.
Foi ainda professor - durante mais de 30 anos -, desenhador, pintor e um grande conhecedor e colecionador de arte sacra e popular.

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