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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

As lojas maçonicas e as lojas do Pingo Doce

"— Todos somos réus - comentou o Pereira Saldanha, ao introduzir um pedaço de rapé nas ventas.
— Não estou de acordo — gritou Zé Botto, tentando desembaraçar o corpo pesado dos braços do cadeirão — Réus, como?!. Para mim, e há muito boa gente da mesma opinião, todo o mal comeu com a revolta do Porto. A revolta republicana meteu medo às pessoas de bem. Eu sei de alguns que puseram o seu dinheiro lá foraEm Paris e em Londres. Devem ter desaparecido fortunas nessa altura. E ainda estão a escapar-se...
— Esses são os cobardes de sempre! — observou João Vitorino - São os mesmos que põem o dinheiro a salvo e encetam conversas, às escondidas, com os mações e os carbonários.
—Mas será tudo?! —perguntou Diogo Relvas do fundo da sala… — Ao que julgo, há uma soma de acontecimentos. A independência do Brasil…
— As lutas liberais — objectou alguém.
— Eu insisto: a independência do Brasil, às aventuras coloniais, agora a implantação da república brasileira, o ultimato, a revolução do Porto... e a falência do Baring Brothers ou lá o que é".

Alves Redol, in Barranco de Cegos

Este romance foi escrito em 1962 e é considerado por muitos a melhor obra de Alves Redol. A narrativa começa à volta do ultimato britânico em 1890 e do colapso financeiro em 1891.

Nestes dias, tem-se falado muito em lojas maçónicas e nas lojas da família Alexandre Soares dos Santos.

Nem de propósito, este excerto do livro que comecei agora a ler...

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