A propósito da génese dos heterónimos, foi o próprio Fernando Pessoa que, em carta de 13 de Janeiro de 1935, dirigida a Casais Monteiro, deixou escrito: “Ricardo Reis vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontâneamente por ser monárquico”.
O poeta da Mensagem deixou-nos assim um enigma: o que aconteceu ao Ricardo Reis que partiu para o Brasil em 1919 e nunca mais voltou?
José Saramago veio ajudar na resolução deste enigma. O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, conta-nos a história de Ricardo Reis que regressa a Portugal depois de ser informado da morte de Fernando Pessoa. O livro começa em fins de 1935 e vai terminar nove meses depois com a “morte” de Ricardo Reis. No final do livro, Saramago põe na boca de Ricardo Reis: “deixo o mundo aliviado de um enigma”.
Faltava, porém, saber onde se havia Fernando Pessoa inspirado na criação do heterónimo Ricardo Reis.
O poeta da Mensagem deixou-nos assim um enigma: o que aconteceu ao Ricardo Reis que partiu para o Brasil em 1919 e nunca mais voltou?
José Saramago veio ajudar na resolução deste enigma. O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, conta-nos a história de Ricardo Reis que regressa a Portugal depois de ser informado da morte de Fernando Pessoa. O livro começa em fins de 1935 e vai terminar nove meses depois com a “morte” de Ricardo Reis. No final do livro, Saramago põe na boca de Ricardo Reis: “deixo o mundo aliviado de um enigma”.
Faltava, porém, saber onde se havia Fernando Pessoa inspirado na criação do heterónimo Ricardo Reis.
O Jornal “Publico”, de ontem, trazia uma notícia curiosa sobre a existência de um amigo, até agora desconhecido, de Fernando Pessoa: Carlos Lobo de Oliveira (1895-1973), poeta e tradutor, cuja obra se iniciou em 1912, em revistas literárias como a “Águia”, estando a sua obra disponível no “site” dedicado ao seu espólio - http://www.carloslobooliveira.com/
Numa pasta deste arquivo foi encontrada uma carta de Pessoa, de 17 de Maio de 1928, para Carlos Lobo, que reza assim: “Meu querido Carlos: Só hoje recebi - hoje mesmo a haviam deixado no Café Arcada – a sua carta de 24 de Abril. Consegui arranjar-lhe 3 exemplares da “Athena” que contém o “Christmas Cake”….A minha morada perpetua é Apartado (ou Caixa Postal) 147, Lisboa. Um abraço do muito seu, Fernando Pessoa».
Sabe-se que Carlos Lobo, para fugir às sangrentas represálias decorrentes da sua participação no Movimento da Monarquia do Norte, emigrou para a Galiza e depois para o Brasil, onde viveu desde 1919 a 1924. Não deixa, assim, de ser curiosa, quiçá especulativa, a coincidência entre alguns aspectos da biografia de Carlos Lobo com o heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis.
A relação de amizade entre Carlos Lobo e Fernando Pessoa pode muito bem ter inspirado a gestação de Ricardo Reis.
Se assim for, parece termos agora a história completa acerca deste heterónimo: Carlos Lobo foi a fonte inspiradora de Ricardo Reis; José Saramago marcou o ano e as circunstâncias da morte de Ricardo Reis.
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