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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Barranco de Cegos, de Alves Redol

Acabei de ler o Barranco de Cegos, de Alves Redol. As últimas 60 páginas do livro foram lidas, na madrugada do dia hoje, de supetão. O romance foi publicado em 1962, mas a história discorre sobre os últimos anos da Monarquia em Portugal. É considerada uma das melhores criações da carreira literária do autor, sendo também considerado um dos romances essenciais do Neo-Realismo português.

Narra a luta de um proprietário ribatejano, Diogo Relvas, contra a invasão das indústrias e dos interesses financeiros, num contexto de progressiva afirmação do capitalismo. O título do romance, Barranco de Cegos, retirado da epígrafe de S. Mateus ("Deixai-os; cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco") anuncia, no entanto, que esse combate se encontra, à partida, perdido.

O romance narra a caminhada inconsciente e irremediável da família Relvas e da Nação para o abismo de derrota e de morte, simbolizados, no último capítulo, no corpo embalsamado do velho Relvas que persiste em manter-se agarrado à vida. Cegos são os servos, criados e campinos oprimidos, comandados pelo cego, obstinado e autoritário, Diogo Relvas, ele também guiado por outros cegos, os políticos, o rei, correndo todos para um precipício. Vale a pena ler. Comparado com os Gaibéus, que li o ano passado, este é um livro bem mais consistente.

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