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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Que trágica ironia!...


« […] Entremos agora na Rua Garrett e subamos para o Largo das Duas Igrejas. À esquerda fica o monumento ao Poeta Chiado, nome popular dado a um frade do século XVI, António do Espírito Santo, que abandonou o hábito para se tornar uma espécie de encarnação do espírito galhofeiro da época e, se manifestar no poeta popular favorito; os poemas que dele ficaram revelam considerável mérito. Esta estátua é da autoria do escultor Costa Mota (tio); foi erigida por ordem da Câmara Municipal e inaugurada a 18 de Dezembro de 1925 […] »

Este texto foi escrito pelo poeta Fernando Pessoa, num guia, "What the tourist should see", que ele escreveu para os turistas que visitam a cidade de Lisboa.

António Ribeiro (Pessoa chama-lhe António do Espírito Santo), conhecido pelo "O Chiado" ou ainda por "O Poeta Chiado"  foi uma personagem estranha, contraditória. Um frade devasso que foi expulso da Ordem dos Franciscanos. Viveu aqui numa casita miserável. No século XVI, esta zona de Lisboa, conhecida por Chiado, era um bairro muito degredado, marginal. Por isso, o poeta tomou o nome do bairro onde vivia. Segundo críticos literários (não concordando com o que Pessoa escreveu), a  poesia do poeta Chiado é de 3ª ou 4º ordem. Não se aguenta a sua leitura. Não obstante, mereceu um monumento de uma envergadura considerável.

O poeta Pessoa estava longe de pensar que, mais tarde, haviam de ser vizinhos.

Hoje, separados por 10 metros, o poeta Chiado, exibindo um riso alarve, está com um dedo apontado ao Pessoa, parecendo estar a dizer: " Eu, que sou pequeno, estou aqui no alto; tu, que és grande, estás aí em baixo"

Que trágica ironia!!!

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