Hoje, à tarde, na RtpMemória, tive a oportunidade de rever “O Quarto do Filho”, um filme de Nanni
Moretti. Impressionante. Retrato implacável. O dia fatídico. O acidente. A dor. A revolta. A culpa. A
desorganização da família. A discussão entre o casal. A mulher que acha que o
marido não quer falar do assunto. O nervosismo que se instala em cada um (a cena da filha que, por
nada, discute com o árbitro num jogo de basquetebol). A não aceitação de ajuda
de terceiros, mesmo a do padre na missa do sétimo dia. “Mas que frase aquela,
sem sentido!” - diz ele. “Não sabemos a que horas vem o ladrão, se soubéssemos,
trancávamos todas as portas” - dissera o padre, citando o Evangelho. E no entanto o pai
não aceita de modo nenhum. É uma revolta muito grande. Por fim, uma carta redentora. Todos
agarram aquela oportunidade com força. Para tanto, a família viaja de carro,
toda da noite, para ajudar a ex-namorada do filho. No carro todos dormem, à
excepção do casal. Diz ele para a mulher: “Mantemo-nos acordados um ao outro”.
E eu? E nós?
Será que, um dia, chegará a tal carta redentora?
Sem comentários:
Enviar um comentário