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quinta-feira, 28 de junho de 2012

A que propósito, José?

Aproveitando a borla existente até final do mês, fui ontem, com os meus amigos do CUTLA (Clube Universitário Tempos Livres da Amadora), à Fundação José Saramago, aberta ao público no passado dia 18, no dia em que passavam 2 anos sobre a morte do escritor.

Está instalada na Casa dos Bicos, edifício que Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia Afonso de Albuquerque, mandou construir em 1523, após uma viagem a Itália, e que teve como modelo o Palácio dos Diamantes, em Ferrara. A guia, que nos acompanhou durante a visita, teve oportunidade de, justamente, falar um pouco da história deste edifício que, ao longo do tempo, serviu a distintas funções, tanto privadas como públicas.

É importante saber que o edifício continua propriedade municipal, cedido à Fundação por um período de 10 anos, mediante protocolo assinado em Julho de 2008.

É ainda importante saber que a Fundação se rege, como não podia deixar de ser, por uns Estatutos.

Acontece que, no final da visita, fui assaltado por uma série de dúvidas, porque não vi, no espaço percorrido, nenhuma iniciativa em relação: ao apoio ao surgimento de novos autores de língua portuguesa (cfr. alínea b) dos Estatutos); ao apoio e estímulo a iniciativas e acções culturais em defesa da difusão da Literatura Portuguesa (cfr. al. d) dos Estatutos); a promoção e estímulo a intercâmbios entre as diversas literaturas nacionais que se expressam em português (cfr. al. e) dos Estatutos).

O que eu vi, sem mais, foi a divulgação da obra do escritor José Saramago, por todo o lado. São os livros (em muitas línguas), os objectos pessoais, os diplomas, as medalhas, as distinções e, ainda, o merchandising. Onde estão as outras iniciativas previstas nos Estatutos (novos autores portugueses, acções de defesa de divulgação da literatura portuguesa, promoção e intercâmbio das diversas literaturas nacionais)?. Apenas contesto a presença, em regime de exclusividade, da obra do José Saramago.

Mas há ainda, para terminar, uma coisa perfeitamente incompreensível! O edifício é público, mas o amigo do José Saramago, Vasco Gonçalves, tem um lugar privilegiado no terceiro andar. O escritor reservou um espaço, bem razoável, para ali instalar, definitivamente (não, não se trata de uma exposição temporária), a biblioteca do Vasco Gonçalves. A que propósito, José?

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