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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Raios partam os reles aldrabões da Internet


Há alguns meses, calhei a ver o programa “Querido, mudei a casa!” da SICMulher, em que uma equipa de decoradores modifica o interior de uma casa, após prévia candidatura dos interessados. 

Nesse programa, a operação incidiu sobre a sala da casa de uma senhora, que, se bem me lembro, vivia sozinha. No final, o decorador entendeu por bem deixar escrito na parede uma frase que seria uma homenagem dos familiares àquela senhora muito especial para eles. A frase era “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Por baixo, como seu autor, o nome Fernando Pessoa. A frase ocupava grande parte da parede, em lugar de destaque. 

Enviei um email à equipa de produção do programa e, ao mesmo tempo, tive o cuidado de interpelar a Casa Fernando Pessoa no sentido de confirmar ou não a atribuição da frase ao poeta da Mensagem. Como esperava, a resposta foi no sentido de informar que a frase não constava da obra do poeta. Enviei novo email para a produção do dito programa, agora respaldado na informação da Casa Fernando Pessoa. Nunca me responderam. Desconheço se a simpática senhora continua com a tal frase na parede.

Desta vez, foi a RTP 1 a cair em pecado. O novo programa “Praça da Alegria”, agora produzido em Lisboa, tem novos cenários e, reparei, tem bem escarrapachada num mural a tal frase. 

O nosso poeta, coitado, deve dar voltas no túmulo lá no Mosteiro dos Jerónimos, ao ver tantas falsidades que circulam na NET. Raios partam os reles aldrabões da Internet!

Liguei hoje para a RTP e falei com um dos produtores do programa. Prometeu ir analisar o assunto. Sugeri que, se tiver dúvidas, sempre poderá consultar a Casa Fernando Pessoa. Vamos ver…

2 comentários:

  1. Caro Joaquim,

    Partilho da sua indignação em relação às falsas atribuições a este e àquele autor desta ou daquela frase, que infelizmente abundam na Internet.

    Nesse sentido, e concretamente acerca da falsa frase de Fernando Pessoa no cenário da Praça da Alegria (PA), entre Janeiro e Fevereiro deste ano alertei para isso mesmo, sucessivamente e por esta ordem, junto das seguintes entidades: Provedor do Telespectador da RTP (que me remeteu directamente para a produção do PA); produção do PA (que não respondeu ao meu e-mail) e Casa Fernando Pessoa (que também não respondeu ao meu contacto por e-mail).

    No entanto, aparentemente a produção do PA acabou mesmo por emendar a mão, tendo subsituído a frase pseudo-Pessoana "O valor das coisas..." por um excerto do seguinte poema de Alberto Caeiro:

    http://www.citador.pt/poemas/eu-sou-do-tamanho-do-que-vejo-alberto-caeirobrheteronimo-de-fernando-pessoa , como aliás se pode ver aqui:

    http://www.rtp.pt/play/p1057/e109154/praca-da-alegria-ii

    Ou seja, demorou, mas o rigor literário prevaleceu. Ainda bem!

    Cumprimentos e parabéns pelo blog,

    Luís Moutinho

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  2. Meu caro Luís Moutinho. Obrigado pelo seu comentário. Mais vale tarde do que nunca! Finalmente a RTP, após muitas chamadas de atenção, incluindo a do meu amigo, lá retiraram a frase falsa e vilmente atribuída ao poeta da “Mensagem”. Pelo que vejo, foram várias as pessoas que reclamaram. Eu enviei 4 emails para a produção do programa. Falei ao telefone com dois produtores do programa e, curioso, eles, desde a primeira hora, reconheceram o erro, embora dizendo que, por razões de logística, eram impotentes para solucionar a situação. Falei com a Casa Fernando Pessoa, instituição em Portugal em melhores condições para se pronunciar sobre a matéria. Como tinha lá alguém que conheço há algum tempo, fui mais bem sucedido. Também a Casa Fernando Pessoa enviou um email à RTP chamando a atenção para o erro. Também na minha rede de facebook narrei o caso para lhe dar publicidade.
    A RTP redimiu-se bem. Vá lá! Mas é lamentável o tempo que levaram para resolver um caso tão simples. Ontem, de um dos produtores recebi esta resposta: «Caro Joaquim, Caso tratado! Uma vez mais, deixo-lhe o nosso obrigado pela sua chamada de atenção que nos ajudou a corrigir o que errado estava. Com os melhores cumprimentos».
    Estamos todos de parabéns! Mais vale tarde do que nunca! Obrigado, mais uma vez, pelo seu comentário. O nosso poeta merece! Como sabe, correm outras falsidades na NET sobre o poeta e temos todos estar atentos.

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