Aqui estou eu (da 1ª Companhia) e o meu camarada Duarte (da 3º Companhia) no “Cu de Judas”, algures no distrito do Cuando Cubango, também conhecidas por Terras do Fim do Mundo, no Sul de Angola.
Estamos a orientar a recolha dos Grupos de Combate pelos helicópteros ("Alouettes” da África do Sul) que nos hão-de levar de regresso à base de apoio na N´Riquinha (ou Mavinga?), no final de uma operação que durou cinco dias. Foi designada de "OP TURBILHÃO” (alguém fez o favor de lembrar o nome). Intervieram 120 homens do meu Batalhão (60 da 1ª Companhia e 60 da 3ª Companhia) e, ainda, tropas de outras armas (Comandos, Pára-quedistas…). Decorreu entre 25 e 31 de Maio de 1973. Há quase 40 anos, portanto.
O começo da operação não podia ser pior para mim. Primeiro, o comandante da minha Companhia, ficou, à última hora, impedido de participar e não foi substituído; segundo, já na base de apoio, pouco antes do início da operação, soube-se que o rio (por onde era suposto a 3ª Companhia progredir ao longo de 5 dias) estava seco naquela época do ano. Donde, e ao contrário do que havia sido gizado no conforto dos gabinetes de Luanda, esse grupo, chegado ao terreno, acabou por se juntar ao meu; terceiro, o heli (igual àquele que se vê na imagem), onde eu ia com os meus restantes companheiros, partiu o trem de aterragem quando se preparava para nos largar no terreno. Por sorte, isso ocorreu muito perto do solo e ninguém saiu ferido. Não passou de um grande susto. O heli é que já não saiu do solo, o que atrasou por um dia o timing da operação. Foram cinco dias com mais algumas peripécias, mas que, apesar de tudo, o maior inimigo ainda foi a falta de água.
Por mim, carreguei sobre os ombros, para além das rações de combate para cinco dias, uma grande responsabilidade. Mas, no final, felizmente, vínhamos todos!
Memórias importantes da nossa passagem pela guerra. Neste caso, o dia 25 de Maio foi quando embarquei para Luanda e o dia 29 o dia em que cheguei a Lisboa, de férias. Os dias em Luanda foram passados com o furriel Macedo (já falecido), que partilhou comigo a pensão.
ResponderEliminarA propósito, o Duarte também já faleceu.
Obrigado, Zé Luís, pelo teu comentário. É verdade, são memórias da nossa guerra.No meu caso, haviam sido metidas numa gaveta, logo em 1974. Agora, lá vão furando as brumas da memória, surgindo ainda muito ao de leve.
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