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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Um final feliz!


Aqui estou eu (da 1ª Companhia) e o meu camarada Duarte (da 3º Companhia) no “Cu de Judas”, algures no distrito do Cuando Cubango, também conhecidas por Terras do Fim do Mundo, no Sul de Angola. 
Estamos a orientar a recolha dos Grupos de Combate pelos helicópteros ("Alouettes” da África do Sul) que nos hão-de levar de regresso à base de apoio na N´Riquinha (ou Mavinga?), no final de uma operação que durou cinco dias. Foi designada de "OP TURBILHÃO” (alguém fez o favor de lembrar o nome). Intervieram 120 homens do meu Batalhão (60 da 1ª Companhia e 60 da 3ª Companhia) e, ainda, tropas de outras armas (Comandos, Pára-quedistas…). Decorreu entre 25 e 31 de Maio de 1973. Há quase 40 anos, portanto.

O começo da operação não podia ser pior para mim. Primeiro, o comandante da minha Companhia, ficou, à última hora, impedido de participar e não foi substituído; segundo, já na base de apoio, pouco antes do início da operação, soube-se que o rio (por onde era suposto a 3ª Companhia progredir ao longo de 5 dias) estava seco naquela época do ano. Donde, e ao contrário do que havia sido gizado no conforto dos gabinetes de Luanda, esse grupo, chegado ao terreno, acabou por se juntar ao meu; terceiro, o heli (igual àquele que se vê na imagem), onde eu ia com os meus restantes companheiros, partiu o trem de aterragem quando se preparava para nos largar no terreno. Por sorte, isso ocorreu muito perto do solo e ninguém saiu ferido. Não passou de um grande susto. O heli é que já não saiu do solo, o que atrasou por um dia o timing da operação. Foram cinco dias com mais algumas peripécias, mas que, apesar de tudo, o maior inimigo ainda foi a falta de água.

Por mim, carreguei sobre os ombros, para além das rações de combate para cinco dias, uma grande responsabilidade. Mas, no final, felizmente, vínhamos todos!

2 comentários:

  1. Memórias importantes da nossa passagem pela guerra. Neste caso, o dia 25 de Maio foi quando embarquei para Luanda e o dia 29 o dia em que cheguei a Lisboa, de férias. Os dias em Luanda foram passados com o furriel Macedo (já falecido), que partilhou comigo a pensão.
    A propósito, o Duarte também já faleceu.

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  2. Obrigado, Zé Luís, pelo teu comentário. É verdade, são memórias da nossa guerra.No meu caso, haviam sido metidas numa gaveta, logo em 1974. Agora, lá vão furando as brumas da memória, surgindo ainda muito ao de leve.

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