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sábado, 27 de abril de 2013

O Fecho Éclair


Hoje é Dia Mundial do Design. Se me pedissem para escolher um ícone, não tinha a menor dúvida: O Fecho Éclair. O rei Filipe II foi o dono da terra; comia num prato de prata lavrada; tinha um colar de oiro com pedras rubis; andava nas salas forradas de Arrás; dormia em cama de prata maciça. Um homem tão grande teve tudo o que quis. Só não teve um fecho éclair. Quem o diz é o poeta António Gedeão. 


Poema do Fecho Éclair 

Filipe II tinha um colar de oiro,
tinha um colar de oiro com pedras rubis.
Cingia a cintura com cinto de coiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz.

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco
a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da terra, 
foi senhor do Mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.
Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safira, topázios,
rubis, ametistas.
Tinha tudo, tudo 
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.

O que ele não tinha
era um fecho éclair.

António Gedeão

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