Li as “As Intermitências da Morte”, de José Saramago, em 2005, ano da publicação deste romance. Revisitei-o, agora, por razões do plano de leituras do meu Grupo de Leitura.
Não mudei muito a opinião com que ficara. Está aquém dos 3 livros do José Saramago (o que é uma honra que lhe concedo) que eu coloco no meu “Top Ten”: “Levantado do Chão”, “Memorial do Convento” e “O Ano da Morte de Ricardo Reis”. Já o afirmei várias vezes e não me canso de o dizer.
Este “As Intermitências da Morte” fala-nos da vida, da morte, do amor e do sentido (ou da falta dele) na nossa existência. O estilo é o conhecido. Saramago privilegia a oralidade. É irónico e sarcástico. Como não podia deixar de ser, aproveita para atacar a Igreja Católica. “Sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja”, diz Saramago a pág. 20.
A primeira, é a intermitência da morte, quando ninguém mais morre naquele país. A morte entra em greve. O narrador aproveita para relatar as reacções do Governo, da Igreja Católica, dos repórteres, dos filósofos, dos economistas, das farmácias, dos lares de idosos, das Seguradoras, dos familiares com moribundos em casa. Esta parte termina com o fim da greve. Voltam os humanos a morrer, sendo que, agoara, o anúncio da morte é feito através de uma carta de cor violeta.
A segunda, inicia-se com a devolução ao remetente (a morte) da carta enviada a um músico, um violoncelista. A partir daqui tudo se transforma. A narração ocupa-se somente com duas personagens (a morte e o músico). A morte é humanizada. A morte transfigura-se numa mulher! E esta mulher apaixona-se pelo músico! É deliciosa a forma como o narrador aborda a personificação da morte e a necessidade que esta sente de ser amada! A música e o amor vencem a morte!
A primeira parte é a sombra; a segunda, é a luz. Um livro intermitente. E todavia merece ser lido…
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