Parque dos Poetas, em Oeiras, 21 de Março de 2013, no Dia Mundial da Poesia.
A nossa querida Profª Feliciana Caleiro, junto à estátua de Vitorino Nemésio, diz um poema do poeta e do autor do “Mau Tempo no Canal”
Prece
Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado,
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão.
Tua vontade se faça, a minha não.
Senhor, abre ainda mais meu lado ardente,
Do flanco de teu Filho copiado.
Corre água, tempo e pus no sangue quente:
Outro bem não me é dado.
Tudo e sempre assim seja,
E não o que a alma tíbia só deseja.
Se te pedir piedade, dá-me lume a comer,
Que com pontas de fogo o pobre se adormenta.
O teu perdão de Pai ainda não pode ser,
Mas lembra-te que é fraca a alma que aguenta.
Se é possível, desvia o fel do vaso.
Se não é, beberei. Não faças caso.
Vitorino Nemésio (1901-1978)
Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado,
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão.
Tua vontade se faça, a minha não.
Senhor, abre ainda mais meu lado ardente,
Do flanco de teu Filho copiado.
Corre água, tempo e pus no sangue quente:
Outro bem não me é dado.
Tudo e sempre assim seja,
E não o que a alma tíbia só deseja.
Se te pedir piedade, dá-me lume a comer,
Que com pontas de fogo o pobre se adormenta.
O teu perdão de Pai ainda não pode ser,
Mas lembra-te que é fraca a alma que aguenta.
Se é possível, desvia o fel do vaso.
Se não é, beberei. Não faças caso.
Vitorino Nemésio (1901-1978)
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