Existe na Ericeira uma editora, com o nome “Mar de Letras”, com pequena dimensão, e que se tem dedicado a publicar livros relacionados com a História da vila.
A editora vive da carolice do Senhor António Carlos Serra, que tem uma livraria bem no centro da Vila, no conhecido Campo da Bola.
Hoje adquiri lá “Aclarando a Verdade”, de João Jorge Moreira de Sá, que nos apresenta uma narrativa sucinta do que se passou a bordo do iate “Amélia” na ida da Ericeira para Gibraltar, no dia 5 de Outubro de 1910.
Moreira de Sá era o segundo comandante do iate real, com o posto de capitão de fragata, e veio a terreiro defender-se, em 1940, dos ataques de que foi alvo.
Concretamente, ele foi recorrentemente acusado, durante três décadas, de ter sido o responsável pela proclamação da república na cidade do Porto, ao desaconselhar que o iate rumasse em direcção a esta cidade.
A 2ª edição, que tenho nas mãos, deu à estampa, em 1995, com um prefácio do historiador Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, o qual, de algum modo, credibiliza o testemunho do autor.
A bordo, a tese da ida para a cidade do Porto tinha a concordância do Rei D. Manuel II e das duas Rainhas e, ainda, de alguns conselheiros. Num segundo conselho, já noite adiantada, a opinião do Infante D. Afonso (tio do Monarca), do comandante e do imediato (o autor do livro) do iate "Amélia" de seguirem para Gibraltar impôs-se pela prudência dos argumentos.
O iate lá seguiu para Gibraltar aonde chegou no dia 9 de Outubro, tendo a família real desembarcado com todas as honras inerentes à sua alta hierarquia, sendo recebida no palácio do Governador de Gibraltar.
A discussão sobre o melhor rumo do iate real foi (e se calhar ainda é) tema de muita discussão. Os monárquicos sempre acharam que o rei deveria ter rumado em direcção à cidade do Porto.
Moreira de Sá presta o seu testemunho pessoal, mas a sua narrativa deve ser cotejada com outros relatos, de modo a a tentar reconstituir a complexa trama da verdade.
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