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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Em Leiria, na rota do crime


Ontem peregrinei até Leiria, com amigos dos livros, à procura do padre Amaro, com a secreta esperança de o apanhar em flagrante delito na Torre Sineira. Eram quase 11 horas quando saímos do autocarro mesmo no centro da cidade, após uma viagem desde Lisboa, sempre por auto-estrada.

Uma viagem bem diferente daquela que fez o Eça de Queirós quando ali chegou em 1870, para assumir o cargo de Administrador do Concelho de Leiria. Já anoitecia, quando a diligência, com as lanternas acesas, veio parar ao pé do chafariz.

Fui a correr à procura dele à casa da D. Isabel Jordão, no nº 13 da Travessa da Tipografia. Chamei por ele, não respondeu. Espreitei por uma fisga da porta, mas o espectáculo é degradante. O prédio está em ruínas. Se não lhe acodem, vai abaixo. Nem a placa, a assinalar a sua passagem pela casa, escapa.

Como ele não estava, fui à procura do padre Amaro e da Amélia. Corri à casa do sineiro, mas não era dia da Amélia dar catequese à Totó. Amanhã, talvez, a Amélia venha para deleite do amante. Mas o maior crime do padre vem lá para o fim. Não, não quero conhecer o ribeiro onde aconteceu do hediondo crime. Recuso-me ir lá.

Quis antes conhecer o Arco da Rua da Misericórdia onde o patarata do João Eduardo montou a emboscada a Amélia. O Arco lá está ainda, mas não vi nem a Amélia nem o namorado. 

Fui em frente, até ao largo da Sé, queria encontrar por ali os boçais cónegos, mas, ainda bem, desapareceram. Não entrei na Sé, a grosseria destes clérigos perturba-me. 

No Largo continua ainda a Farmácia Paiva, olhei, mas por detrás da balança não vislumbrei a figura do farmacêutico Carlos, com o seu boné bordado a missanga. Que pena!

No Largo da Sé pude ver o edifício da Administração do Concelho, já muito degradado. Espreitei, queria confirmar se o Eça estava mesmo a escrever “O Mistério da Estrada de Sintra”. Mas não, não o vi. Se calhar, estava por aí, nalguma alcova, com a baronesa de Salgueiro. Cuidado, cuidado, Eça! Se és apanhado pelo cocheiro do barão de Salgueiro, ainda acabas lançado borda fora, a pontapé.

Desanimado, juntei-me aos meus amigos, para o regresso a casa. Tinha encontro marcado com tanta gente, mas faltaram todos.

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