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domingo, 9 de fevereiro de 2020

Com que então troca-tintas...


A porta da «Havaneza» no Chiado era local certo para reunir os janotas e os más-linguas. Era lá que se juntavam os galãs para ver sair as meninas da missa dos Mártires e apreciar as beldades que desciam a calçada para tomar chá na Bénard, verdadeira passagem de modelos. Na Havaneza vendiam-se os melhores puros de Lisboa e os mais afamados tabacos portugueses e estrangeiros. 

Sabemos que Cesário Verde era uma fraca figura, tímido, macilento, sempre entretido com os seus botões. Um dia, como de costume, descia a rua Larga de Santa Catarina, o nosso Chiado, vindo do Bairro Alto, onde deixara um poema no «Diário de Notícias», a caminho da loja de ferragens do pai na rua dos Fanqueiros.

Um dos habitués da porta da tabacaria que, por qualquer razão, implicava com Cesário, vendo-o, não se conteve e comentou alto e bom som: - Olha o Cesário Azul… O poeta parou, fitou o engraçado e apenas disse: - Com que então troca-tintas

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