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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

D. Leonor: A mais Perfeita Rainha


17 de Novembro de 1525: Morre D.Leonor de Lencastre, rainha de Portugal.

D. Leonor de Lencastre, D. Leonor de Portugal ou ainda Leonor de Viseu, nasceu a 2 de Maio de 1458, em Beja. Filha de D. Fernando, Duque de Viseu e de D. Beatriz era irmã de D. Manuel e D. Diogo.
A 22 de Janeiro de 1470, torna-se Rainha de Portugal, pelo seu casamento com D. João II, o qual era seu primo direito e segundo, pelo lado paterno, e o mesmo pelo lado materno. De facto, tanto o rei como a rainha eram netos, cada qual, de dois filhos diferentes de D. João I e de D. Filipa de Lancastre. Deste casamento nasceram dois filhos, um que nasceu morto e D. Afonso que faleceu aos 16 anos num acidente a cavalo em 1491.

A Rainha D. Leonor foi grande protectora e impulsionadora das artes e letras em Portugal, tendo mandado imprimir algumas obras, nomeadamente: “O livro de Marco pólo – O livro de nicolau veneto – carta de um genoves mercador”, “Os actos dos apóstolos”, “Bosco Deleitoso”, “O espelho de Cristina”.Também protegeu Gil Vicente, que em várias obras a apelidou de “Rainha Velha”. Algumas das obras de Gil Vicente, como O Auto da Visitação, o Auto Pastoril Castelhano, o Auto dos Reis Magos, o Auto de S. Martinho, o Velho Óbidos, Um Sermão, o Auto da Índia – o processo de Vasco Abul, o Auto dos quatro tempos, o Auto da Sibila Cassandra, o Auto da Fama, o Auto da Alma, A Barca do Inferno, A Barca do Purgatório, A Barca da Glória, foram dedicadas à Rainha D. Leonor ou encomendadas por esta.

Em 1476, ficou como regente do reino, por D. João II ter de se ausentar em defesa do seu pai em Castela.

Como Rainha de Portugal, era detentora de terras como: Sintra, Torres Vedras, Óbidos, Alvaiázere, Alenquer, Aldeia Galega, Aldeia Gavinha, Silves, Faro, bem como Caldas da Rainha, que fundou. Tinha também direito a certos rendimentos: parte do açúcar produzido na ilha da Madeira, certos impostos pagos pelos judeus de Lisboa e pelas alfândegas do reino.

D. Leonor fundou os conventos da Madre de Deus e da Anunciada e a igreja de Nossa Senhora da Merceana, Igreja de Santo Elói, no Porto, o Convento de S. Bento, de Xabregas.
Esteve na origem da fundação do hospital termal das Caldas da Rainha, destinado a todos os que necessitassem de tratamento, sem distinção de classes sociais. Junto ao Hospital mandou construir também a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo.

Ainda hoje as Caldas da Rainha mantêm como armas, o brasão da Rainha D. Leonor, ladeado à esquerda pelo seu próprio emblema (o camaroeiro) e, à direita, pelo emblema de D. João II (o pelicano).
A rainha D. Leonor teve ainda a ideia de fundar uma instituição, reunindo pessoas de boa vontade que ficariam encarregues de prestar assistência a quem precisava, ou seja, os mais pobres. Em 1498, sendo já viúva, ficou regente do Reino quando o seu irmão, D. Manuel I, se ausentou para Espanha. Uma das medidas que tomou como regente foi fundar as Misericórdias de Lisboa. Ao conjunto das regras definidas para o funcionamento desta instituição chamou-se Compromisso, porque as pessoas que aderiram se comprometiam a segui-las. Essas regras inspiravam-se em princípios fundamentais do cristianismo: amor ao próximo e entreajuda.

D. Leonor de Lencastre, destacava-se, pela formosura, inteligência e, sobretudo, pelo que sofreu e pelo bem que espalhou, Dona Leonor, a “Rainha dos sofredores”. Tinha a fisionomia suavíssima, marcada pelos olhos azuis e cabelos louros, herdados de sua bisavó, Dona Filipa de Lencastre.

A Rainha faleceu no dia 17 de Novembro de 1525 no Paço de Enxabregas. Quis ficar sepultada no Convento da Madre de Deus, numa campa rasa, num lugar de passagem, para que todos a pisassem, gesto de humildade que comoveu o Reino. Foi uma Rainha muito devota, tendo desejado e concretizado passar a viuvez num ambiente de piedade e por isso o seu biógrafo Frei Jorge de S. Paulo chama-lhe “A mais Perfeita Rainha que nasceu no Reino de Portugal”.


Fonte: Nós e História
Pintura: José Malhoa

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