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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Os cafés sonolentos dos poetas


Numa noite fria de Dezembro do ano de 1934, a poetisa brasileira Cecília Meireles, de visita a Lisboa, deslocou-se ao café A Brasileira, no Chiado, na companhia do marido, o português Correia Dias, para conhecer o poeta Fernando Pessoa. Assim haviam combinado. Porém, foi uma espera em vão, durante quase 2 horas. O poeta da Mensagem não apareceu. 

Já no Hotel, Cecília Meireles recebeu um pequeno volume, com este escrito::

A Cecília Meyreles, alto poeta, e a Correia Dias, artista, velho amigo e até cúmplice (vide "Águia”, etc... ), na invocação da Apolo e Atena, Fernando Pessoa, 10 –XII –34"

Tratava-se de um exemplar de Mensagem, que havia sido publicado muito recentemente.

Anos mais tarde, Cecília confessou “Como lamento não o ter conhecido!”. E escreveu numa crónica, com o título "Evocação lírica de Lisboa":

Mas tu preferes a penumbra dos cafés sonolentos, em cujas mesas todos os poetas da Lusitânia fincam algum dia o cotovelo e, fronte apoiada ao punho, criam aqueles sonhos que eles mesmos não governam (...)”.

Ai estes cafés sonolentos!... no tempo em que o poeta acreditava que a Portugal estava reservada uma missão superior e divina: a construção de um QUINTO IMPÉRIO. Um sonhador, um visionário!

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